quinta-feira, dezembro 21, 2006

Depois...

Depois da tempestade vem a bonança... Ou não.
Anyway, eu e o meu blog estamos de férias.
No próximo ano cá estaremos, no sitio do costume.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Ainda não morri!!

E perguntam voces... porque é que esta gaja ainda se dá ao trabalho de postar?
Para vos lembrar que daqui a menos de uma semana volto a ser uma pessoa normal.

(Errr normal, normal normal como as pessoas normais não. Porque normal nunca fui e este exame pode fazer muitas coisas, mas milagres... não me parece.... Volto a ser mais ou menos normal, menos doida... Já não é mau de todo.)

E para dizer que (ainda!) não morri... Embora ande estranhamente calma. Psicológicamente, i mean. Porque fisicamente, ando uma pilhinha Duracell. Dou por mim aos pulinhos, a correr em vez de andar (inclusivamente se for para ir do quarto para a cozinha), a querer abraçar e apertar com força toda a gente e quando dou por mim já estou a bater nas pessoas (e se calhar é por isso que ultimamente ninguém me quer abraçar), a acordar sem sono (algo inédito!)...
Deve ser porque ando em negociações com os senhores dos foguetes e as carpideiras... Os senhores dos foguetes dizem que se recusam a atirar foguetes ás 5 e meia da tarde porque ninguém vê... Ora acho isso muito mal, porque nós gostamos é do barulho... E até porque se esperarmos que seja noite cerrada, eu e as minhas amigas podemos muito bem estar rodeadas de miúdos musculados em mini-sungas e não vamos conseguir estar atentas aos foguetes... Prioridades, né?!?
As negociações com as carpideiras é porque se alguma coisa correr mal, alguém tem de chorar. E eu não, que eu já ando farta de chorar e agora já só me apetece rir. Estou a negociar com umas velhinhas simpáticas, nada exigentes... dizem que choram (com baba e ranho incluido) em troca de umas receitas de Viatril, Adalgur e Viagra.
Inshalla não seja preciso.

sábado, dezembro 09, 2006

Quando cresceres...

Estando eu na casa de banho a refazer o penso da Elisa, que foi operada pelo 3ª vez á mão (começo a acreditar que a operam só para ver se ela se cala durante uns tempos) e a ouvir a lista de doenças da qual padece (e quee inclui de tudo um pouco, desde tendinites várias a sinusite passando por uma depressão major - essa sim, a meu ver, a principal doença que bem tratada, trataria todas...), entra a pequena Maria.
- Pima, tás a fazer quê? (Já perdeu aquele hábito delicioso de me chamar Sharita ou Sharinha, que pena...)
- 'Tou a tratar o dói-dói da Elisa.
E a Elisa:
- Tu quando cresceres queres ser médica como a prima?
A Maria:
- Não!
E eu:
- Queres, queres... até vais ter um estetoscópio como o da Shara e do dr Sergio e depois vais tratar os meninos quando tiverem dói-dóis...
A Maria:
- Tá bem, quero ser médica...
E ficou ali, atenta, até eu acabar de fazer o penso, como se estivesse a aprender.
Princesa, desculpa. Espero que te tenhas esquecido deste breve episódio e prometo nunca mais tentar convencer-te a seres médica.
Porque não quero que tu tenhas de dizer aos teus primos pequeninos (meus filhos, talvez) coisas do género "eu sei que prometi escrever a carta ao Pai Natal com vocês mas tenho as pneumonias e a fibrose quistica á espera", "não, não podem ir dormir comigo porque amanhã acordo estremunhada e antes de dar conta já tou a estudar e não tenho tempo para vos dar atenção" ou "a Shara jura que dia 20 vem montar a árvore com vocês... 4 dias antes do Natal?!?!"... Não quero que sejas uma estúpida que não entende que uma arvore de natal ou uma carta ao Pai Natal é muito mais importante do que qualquer capitulo de qualquer livro, que uma tarde no parque ou o tempo para vos ver a saltar em cima da cama (até partir as molas do colchão) e a dizer "olha eu! olha eu!" é muito mais importante que qualquer média de curso e que o olhar que vocês me dão cada vez que prometo alguma coisa que não consigo cumprir é muito mais reprovador do que qualquer nota de exame.
Por isso é que te prometo nunca mais voltar a cair no mesmo erro, nunca mais tentar inflenciar-te. Para que, se alguma vez optares por ser só mais uma pessoa que por vezes dá muito valor ás coisas erradas, o faças por tua consciência e com a certeza que o fazes por amor. Porque quando é por amor, também custa. Mas custa um bocadinho menos.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Redefinindo o português

Aquele provérbio... "Em terra de cego quem tem olho é rei?"
Agora é:
"A tão pouco tempo do exame quem não tem:
  1. Insónias iniciais e/ou terminais
  2. Ataques de pânico a meio da noite (e a meio do dia também)
  3. Diaforese nocturna
  4. Taquicárdia (cá pra mim tenho de fazer um estudo electrofisiológico invasivo... váaaa digam lá quais são as indicaçõessssssssssssss ... :p)
  5. Necessidade de gritar (só mesmo para descomprimir)
  6. Necessidade de cafeina, paracetamol, ansioliticos, betabloqueantes
  7. As pessoas todas a olhar e a dizer "tás magro"; "tás amarelo"; "tás com mau aspecto" (não conta aqueles a quem as pessoas não dizem isto porque eles simplesmente não vem pessoas LoL)
... É REI!!!"

sábado, dezembro 02, 2006

Pró e Contras

Uma listinha... Os prós e os contras. Tanto contra.

No meio dos contras escrevo "contra ele", "contra eu", "contra os outros todos", "contra o mundo", "contra o Harrison" (que desta vez nem tem culpa, mas já que tava numa de contras... aproveitei!), escrevo o sofrimento e as lágrimas que ficaram em cima dos livros, em frente á arvore de natal do Terreiro do Paço e em tantos outros sitios, escrevo os gritos que não gritei e todas as sms cheias de asneiras que não mandei porque, mesmo zangada sou (ainda... ás vezes) uma miúda educada. Escrevi o egoismo, a "desprotecção" (existe?), o adeus, o timming, o desprezo, a alternativa. Escrevi tudo. Do lado dos prós só escrevi uma linha. Um pró. Amor.

E achei (completamente) normal que uma linha solitária suplantasse todos as mil linhas contra.

Tá bonito isto, tá...

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Dúvidas Existenciais II

Porque que é que quando dói mesmo muito cá dentro...

... ir á depilação não custa nada?

quarta-feira, novembro 29, 2006

MacGyverA

A culpa foi daquele papel no elevador. A dizer que tinham assaltado dois apartamentos aqui no prédio.
Casa roubada, trancas na porta. E eu, (uma pessoa cuja infância foi alternada entre os episódios do MacGyver, filmes indianos e os livrinhos da Mônica), bolei um plano infalivel para evitar qualquer hipótese de um ladrão entrar cá em casa. Entre outras medidas implacáveis, decidi que quando saia de casa ia deixar todas as portas trancadas. Sala, cozinha, quartos... Assim se o bandido entrasse, ficava só no hall. Brilhante, não? Sim. Ás vezes nem eu própria entendo as minhas ideias... Funcionou bem até hoje, quando percebi que tinha perdido as chaves da sala. É o tipo de coisas que acontecem quando alio o meu QI extremamente elevado no que diz respeito a ideias parvas ao meu sindrome de distracção congénita. Revirei a casa toda... Todinha. E, após três horas de despespero, encontrei-as.
Lá estavam elas... no saco do ginásio. Juntamente com as chinelas. Claro, porque o lugar das chaves da sala é no saco do ginásio. Com as chinelas.
Os ladrões, se quiserem que venham. Eu desisto de me armar em MacGyverA. Se fores giro e simpático, senhor ladrão, aparece.

... ao vento

... "Mas quem diria que este amor acabaria num duelo? A lança caiu bem no centro do coração e o vencedor exibe a arma, triunfante. Mwando. A sua voz vibrava de emoção, conseguiu remover um impecilho e estava livre para prosseguir o seu destino. Não teria ele a sua razão? Cada um de nós segue o seu destino, aquele que há muito foi traçado na palma da sua mão.
Regressei á tranquilidade da floresta e a canção da natureza perdia-se no eco dos meus suspiros. Cantei a melodia dos desesperados sobre as cinzas e os escombros dos meus sonhos.
- Sarnau, sinto muito, eu amo-te, eu...
Não deixei acabar a frase e parti disparada como o vento para o infinito."
in "Balada de Amor ao Vento", Paulina Chiziane

terça-feira, novembro 28, 2006

Da janela

Estudo no hospital. É, nestes dias, a única forma de sentir que todo este esforço talvez valha a pena. Estar no hospital é recordar que há algo mais importante que o cansaço, que as noites mal dormidas, que as dores de cabeça que só cedem a 4 gr diárias de paracetamol, que a vontade de chorar e fugir e gritar. Estar no hospital é sentir que há mais do que eu.
Da "minha" janela vejo o verde e os aviões que levantam vôo e com os quais me apetece sempre ir. Da janela "dela", a senhora que está internada na pneumologia, vê a minha. Eu também a vejo, triste, com o robe azul turquesa. Volta e meia trocamos olhares. Quando levanto a cabeça dos livros ela continua, lá. De longe, trocamos. Ela as preocupações dela, eu as minhas. Não sei se ela entende a minha "luta" mas eu, de longe, consigo adivinhar a dela.
Passámos a tarde, de uma janela para a outra, assim. Eu a zelar por ela, ela (quem sabe?) a zelar por mim.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Criatividade Angolana.

Na minha terra... é assim. Dança-se de barriga vazia. Ser angolano é mesmo isso, ir sendo feliz como se pode. Não sei se ria, se chore.

domingo, novembro 26, 2006

Ando...


... muito caladinha, eu sei...

Adicionei o blog de um amigo, que conheci hoje. O blog, claro. O amigo já conheço há algum tempo... Eu ja sabia que ele gostava de fotografia. Descobri hoje que ele não faz só fotos, faz arte.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Ouve...

Ouve querido,
não tens de ficar.
Se não é aqui que pertences.
Se essa dor de sentir diferente
te sufoca e te prende, empurra e se entranha nos teus pensamentos.
A dor que é essa, a dor que deixei para trás quando decidi ganhar-te, porque,
por perder-te tanto,
achei
que perder-te já não doía.
Mas se, ganhando-te,
eu e o mundo
te fazemos perder em exigências, em responsabilidades e em prazos, em medos...
ouve,
(ainda que morrendo para que fiques)
não tens de ficar.
Foge,
se é a fuga que te prende. Eu fugia.


P.S.:Mas isso sou eu, que quando foste (tanto) embora fizeste perder o medo do doer de perder e de fugir.

terça-feira, novembro 21, 2006

Viatura pródiga à garagem torna

Com menos barulho mas já a ameaçar (para breve) uma troca do motor de arranque (o que me fez logo ouvir um "todas as mulheres estragam o motor de arranque"... eu não sou todas, mas poupei a dissertação porque ir ao stand foi a única coisa boa do dia hoje), o meu carro voltou.
E se há carro pródigo, é o meu. Que me acompanha diariamente há tantos anos... Que já me viu rir, chorar, gritar... que conhece todos os meus recantos preferidos e sabe quais são os melhores sitios para ver o sol a nascer, o sol a pôr-se, a lua... Que me levou e trouxe tantas vezes. Aiii, se o meu carro falasse...
O vizinho de baixo, ao ver-me olhar babada para o meu carro amolgado, com o pára-choques meio a cair, que faz barulho por todos os lados, chia, guinha, trava mal, não tranca... (e sabendo que ignoro completamente os outros modelos muiiiiiiiito acima... pffff o que é um X3 ao lado do meu carro? ou um SLK?) ... disse-me:
- "A menina gosta muito do seu carro, não é? Mesmo já não sendo recente..."
E eu, a acenar a cabeça (um bocadinho melindrada por ele dizer que o meu carro é antigo):
- "Hmm hmmm".
Ao que ele me responde:
- "A menina vai ser uma boa mãe, uma mãe galinha. A maior parte das pessoas só gosta dos filhos quando eles são novinhos".
- "... "
Pois, fiquei mesmo sem palavras. O meu vizinho é muito á frente :)
(Não entendi muito bem a relação mas espero que ele não queira dizer com estas palavras que até acha que eu vou amar muito os meus filhos mas que vou andar sempre com eles todos sujos, na reserva, cheios de nódoas negras, com a roupa rota, a chiarem e a guincharem por todos os lados...)

Ontem dizia eu "aqui a 2 horas tou com um bronze de meter inveja a quelquer caribbean girl".

Ou não...

12 horas depois, embora se note um ligeiro brilho... continuo pálida! :)

segunda-feira, novembro 20, 2006

How to fake a summer tan

Ele há perguntas muito estranhas…Porque é que uma pessoa põe autobronzeador??

(Duhhhh!!)

Porque quando uma pessoa é branquinha, e ainda que seja linda assim, (qual baunilha ou chantilly ou seja lá o que for… leite condensado nhaammmm) no Inverno fica sempre transparente. E quando uma pessoa ouve três vezes no mesmo dia “'tás tão branquinha”, percebe que esta cor não nos fica assim muito bem. É que eu nem estou branca, estou (como diria a minha mãe) amarela!
Juntando isso ás olheiras que ando a passear… Voilá!! Eis a razão pela qual me aventurei no autobronze, munida com o guia “How to fake a summer tan in 5 steps”. Eu preferia sol verdadeiro mas aqui o sol não abunda e mesmo quando abundou, mal pus a bunda na praia à pala do desgraçado do Harrison. Quem não tem cão, caça com gato. Solário é que não. Tudo menos solário. Antes branquinha mas com pele. E pronto, como sou fácil de contentar, a minha felicidade hoje resume-se àquele frasquinho laranja. Não sobram muitas alternativas a quem nasceu com cor de lua.

Mais duas horas e estou com uma cor de fazer inveja a qualquer caribbean girl.

sábado, novembro 18, 2006

Trimmmm Trimmmm!!!

Já devia ter aprendido a não atender números que não conheço...

- Bom dia!!!
- Tou?
- Olá!
- Olá...
(aqui ja comecei a desconfiar... n reconheci a voz)...
- Tás boa, Shara?
- Ya, tou.
- Não me perguntas se eu também estou bom?
- Não. Nem sequer sei quem és.
(e deves estar bom deves, pelo menos deves estar cheio de tempo, para ligares para mim a estas horas e estar nesta conversa... e cheio de saldo também, a ligar de 91...)
- E não queres adivinhar?
- Não.
(era só o que me faltava...)
- Sou o homem da tua vida!
(dito com a emoção com que ele disse até a mim me pareceu que tenho vida própria... e um homem na minha vida própria...)
- Mau, agora é que não sei mesmo quem és.
- Vou dar-te pistas...
- Experimenta dizeres o teu nome. Era uma boa pista, não?
- Não, assim não tem graça.
(mas era suposto isto ter graça?)
- Aiiiiii.
- Já não falas comigo há um ano e tal.
- ... (atitude inteligente, pelos vistos...)
- Sou um rapaz muito giro e simpático.
- ... (convencido, nada!)
- Conheceste-me quando trabalhavas na loja.
- Conheci o mundo inteiro quando trabalhei na loja...
- Sou do benfica.
(ai isto não me está a acontecer... não está não!)
- Mas oh coiso, não sei quem és, não faço a minima ideia, e não vou ficar aqui a adivinhar. Vou é desligar, sim?
- Pronto... sou o "fulano". Fogo continuas com o mesmo mau feitio.
(e tu, que ligas ás 7 da manhã com este tipo de conversa... vê-se que continuas com o mesmo sentido de oportunidade)
- Ah, Oi! Então tás bom?
- Sim tou. E tu?
- Ya. Com sono.
(mas porque é que tamos a repetir tudo de novo?)
- Liguei para te convidar para um café, tenho montes de novidades para te contar.
(café? novidades? ele liga para uma pessoa que mal conhece, com a qual não fala há mais de um ano, ás sete da manhã de sábado, a dizer que é o homem da vida dela e a convidar para tomar um café e contar novidades... sinceramente... ele droga-se, só pode!)
- Ah pois, mas olha... não sei se vai dar, ando ocupada e tal.
- Tão ocupada que não tens tempo para o homem da tua vida?
(oh, eu não mereço isto, não mereço! ... Desisti de lhe tentar explicar qual é a minha opinião sobre os candidatos a "homem da vida" das pessoas)
- Sim, ocupada a esse ponto.
- Ah então olha... eu ligo para a proxima semana, para combinar de novo.
- Tá. Fica bem, beijos. Tenta ligar depois das oito.
Não é ser arrogante mas... Lembrem-me de não atender números de telefone que não conheço... Principalmente se forem sete da manhã de sábado, e eu me tiver deitado ás 3.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Tenho uma lágrima no canto do oooolho

Já diria o Bonga, "tenho uma lágrima no canto do olhoooo"... Não se riam, também vos vi a vocês (meninos Sebastiões, egófonos e outros que tais :P), a limpar a lagrimita. Não sei bem porquê, mas acredito que de saudade. Saudade do que já não volta.
Saudade do primeiro dia em que entrei na faculdade, saudade do primeiro sermão do estilo "se quer usar bata branca basta trabalhar num talho", saudade de sair ás 8 e meia de sexta feira em pleno inverno e descer o elevador de Sta Justa (ainda hj não sei se é esse o nome, nem porque é que sempre o chamei assim... acho que o de Sta Justa é o do outro lado, mas pronto...) com o Rui e a Yala, a sonhar com Dezembro em Luanda. Saudade de chorar antes dos exames. E depois dos exames também, porque eu sempre fui assim, chorona. Saudades dos corredores e do anfiteatro frio de anatomia, da emoção de ir ao Chiado de propósito para comprar um bisturi. Saudade da menina que entrou de baggy jeans, casaco xl, mochila e botas timber... que cresceu algures naquela faculdade. E que sai hoje de fato (com um decote monstro, mal calculado isso LoL), com os neurónios hipertrofiados de seis anos e meio de estudo e com um papel na mão. Saudade da minha primeira bata, feita no 1º ano, pela minha avó. A mesma avó que me acompanhou hoje no dia de entrega do meu diploma.
E ao contrário do que diz o meu amigo Tinhoso (agora sim, entendo porque é que te pusémos esse nome), não é só por mania. O diploma para mim tem muita utilidade. É a única forma de provar que sou mesmo médica, senão ninguém acredita :P

Todos diferentes, todos iguais.

- O papá faz xixi de pé. A mamã faz xixi sentada. O mano ás vezes faz de pé, outras vezes faz sentado. Não é?
- Sim ratinho, é... não fujas para eu te poder pentear...
- Mas não faz mal. Ninguém 'tá errado porque fazemos todos na sanita, né?
- Ahahahahahaahaahhahhaha. É, Maria, é.

No outro dia também me disse que "os meninos castanhos são iguaizinhos (e reforçou o "iguaizinhos") aos meninos brancos porque por dentro temos todos a mesma cor".

Todos diferentes, todos iguais. A minha pequena Maria está a descobrir, á maneira dela, os principios básicos da tolerância e igualdade. Que bom!

segunda-feira, novembro 13, 2006

O meu eu pediatra VS. as vagas de clinica geral

Eles têm vindo a aumentá-las... Mas agora, que chegou a vez do mexilhão (aquele que se lixa sempre, sabem?)... 25% das vagas do internato médico 2007 são para a especialidade de clinica geral e medicina familiar. Assim determinou o sr. ministro. Entendo que haja falta de clinicos gerais e não tenho nada contra ser clinica geral... O meu eu altruísta entende isso tudo mas (posso ser egoista e por as politicas do ministério da saúde de parte?) dou por mim a pensar...
Se uma pessoa não for um espirito (mesmo, mesmo muito) iluminado, como é que faz para ser pediatra?
P.s.: Depois venham-me falar de fuga de cérebros, venham... Quando este cérebro e respectivo cerebelo, ambos iluminadissimos (mas não "mesmo muito iluminados", que sempre pensaram que ser pediatra era bem mais do que saber de cor o Harrison's Principles of Internal Medicine), derem de fuga para uma missão perdida no mundo... aí é que o sr. ministro vai ver o que perdeu :P ... E não diga que eu não avisei!

sábado, novembro 11, 2006

Multiple choice

Indentifiquei as consequências práticas de estar, há dez meses, a estudar para um exame de escolha múltipla. Actualmente a minha vida é decidida, inconscientemente, por escolha múltipla.
Funciona mais ou menos assim...
A sua casa está um caos. Escolha, das seguintes, qual a alinea que lhe parece mais correcta.
  1. Dar de fuga. Aninha-se na casa de alguém até desarrumar essa casa e assim consecutivamente, passando pela casa de todos os seus amigos e familia.
  2. Alheia-se. Finge que o chão não está cheio de cotão, que os móveis não estão cheios de pó, que não tem uma pilha de loiça para lavar e que a roupa que está suja nem sequer faz falta.
  3. Contrata alguém para lhe limpar a casa, sendo que essa pessoa será paga com a sua mesada.
  4. Mete mãos á obra e passa a manhã inteira a aspirar, lavar, limpar pó, lavar roupa, engomar e etc. E ainda faz um bolo de chocolate no final.
  5. Passa os olhos pelo capitulo de pneumologia, para avaliar o risco de, com tanto ácaro, ter uma crise de asma e ganha coragem para a alinea 4.
( 5 + 4 ... tinha mesmo de ser ... ponderei todas menos a 3 ... da minha mesada??!!?? eu hein... )
Escolha a afirmação correcta. O frigorifico está vazio. Vai ás compras e traz:
  1. Coca-cola. Só.
  2. Não vai ás compras. Vai ao McDonalds e adia o assunto por um dia.
  3. Alface, queijo para salada, tomate e pão.
  4. Alinea 3 + produtos de limpeza para limpar a casa que está um caos.
  5. Nada, porque entretanto encontrou uma amiga e olhe... esqueceu-se!
( 4 ... ou talvez 2... provavelmente a 2 LoL )
Não sabe o que vestir. Das seguintes escolha a falsa:
  1. Veste tudo o que tem no armário e acaba por sair de casa com a mesma roupa de sempre.
  2. Escolhe uma roupa e sai rápido de casa para não se atrasar.
  3. Não vai a lado nenhum porque acordou naqueles dias em que nada fica bem e quando é assim, mais vale ficar em casa do que andar na rua a "fazer feio".
  4. Desiste do seu armário e vai atacar o armário da mãe.
  5. Desiste do armário da mãe e volta para o seu, escolhe uma roupa e sai de casa, duas horas depois do tempo previsto.
( definitivamente a falsa é a 2! )
O seu telefone recebe uma mensagem, mesmo na altura em que você está no auge da concentração. Ao ver o remetente você já sabe que não pode ser boa coisa. Você:
  1. Fica com vontade de atirar o telemóvel pela janela (mas não atira!).
  2. Responde á mensagem com um rol de asneiras e resolve o problema de uma vez por todas.
  3. Lê a mensagem, sorri, diz baixinho "epá, mata-te!" e... não responde.
  4. Não lê a mensagem, apagando-a.
  5. Depois de responder á mensagem com um rol de asneiras, volta a repetir o rol de asneiras como forma de profilaxia para eventuais mensagens de conteúdo semelhante.
( ainda tenho algumas duvidas aqui... mas é a 5 )

A única diferença aqui é que o jurí sou eu, e as soluções também são dadas por mim. O que quer dizer que posso fazer algumas alteraçõezinhas.

Pelo menos nesta escolha multipla eu tenho boa nota! :P

quarta-feira, novembro 08, 2006

Jovem com asas

Hoje é o dia em que acredito no verdadeiro poder da desilusão. Investe uma, duas ou três. Bate com a cabeça, com o corpo todo, leva com os pés. A desilusão introduz o conceito de frustração, o sentimento de que, por mais que se queira, as coisas não são como se quer... Porque há um mundo á volta que limita, frustra, magoa.
(e ainda bem, olha eu sozinha no mundo... quem é que ia ler estes posts?!?)
A galinha dá-se com porcos porque tem asas que são a brincar. Algumas pessoas também se dão com porcos porque não tem asas. Ou porque as asas que têm estão cortadas. Porque já voaram muito alto e cairam de muito alto. As asas foram cortadas por desilusões e frustrações, que tiram a coragem de investir mais, de voar mais alto.
A diferença é que as asas das galinhas, apesar de verdadeiras são a brincar, e as das pessoas, apesar de serem só a brincar permitem voar. A desilusão tem esse poder, de fazer voar de uma forma natural. Não de uma forma forçada em que, com mágoa, se bloqueiam, apagam ou desprendem todas as amarras que prendem a um galinheiro inóspito. A desilusão ajuda a voar de uma forma desprendida. Porque o que já desiludiu tanto, aos poucos vai perdendo a capacidade de desiludir. E ao desiludirem-se, os "não-galinhas" entendem que aquele não é o galinheiro ao qual pertencem. E que está na hora de voar. E deixar os porcos a chapinhar, felizes, na lama deles. Ambigua, a desilusão.
E é por isso que não somos galinhas. Porque temos sempre a possibilidade de voar, quando nos desiludimos. E isso, parecendo que não... facilita!

segunda-feira, novembro 06, 2006

O luar da subida do hotel Trópico

Uma sms:
"Aquela lua cheia que vos mostrava quando eram pequenos está aqui em cima, linda como sempre. Tudo muda, menos a lua..."
... ainda bem que, apesar de tudo, há coisas que nunca mudam.

Descansem em Paz

Foi com um misto de tristeza e revolta que ouvi hoje a noticia do assalto à missão em Tete, (Moçambique) em que foram mortas duas pessoas, um padre e uma missionária, ficando feridas outras duas.
Nas minhas lides pseudo-cooperacionais (e digo pseudo porque ultimamente a minha atitude pró-cooperacionista está muito áquem do que eu desejaria) tive a oportunidade de conhecer melhor o trabalho dos Leigos para o Desenvolvimento, já que fazem parte de um grupo de ONGDs à qual também pertencem os Médicos do Mundo e a ASP - Saúde em Português.
Que todo o médico tenha o dever de ajudar (e o direito de escolher onde o quer fazer) e que por isso parta em missão, parece-me natural e intrinseco, apesar de não deixar de ser um acto que encerra boa fé e muito espirito de sacrificio. Mas para além do apoio médico, existem muitas mais pessoas, movidas por generosidade, por fé, por Deus, por seja lá o que for, que encerram em si bondade suficiente para partirem em missão. Para tratar o corpo, a alma, seja o que for... para assegurar um bocadinho mais de justiça e menos de dificuldade.
Conheci algumas pessoas assim em Moçambique e algumas por cá. O Professor JLB (que despertou em mim este bichinho e para o qual me sinto uma desilusão completa), a irmã Antónia, uma outra irmã da qual não me lembro o nome mas que consigo descrever em pormenor as feições e trejeitos dos olhos quando me falava do que faltava fazer por aquelas pessoas. Conheci inlcusivamente uma Idalina, como a missionária que faleceu. Pessoas que partem para fazer um bocadinho mais pelos outros. Pessoas que, no terreno, fazem concerteza a diferença. Não digo que seja um acto (completamente) desprovido de egoismo, já que é também o quentinho no coração de saber que se fez bem, que mantém vivo o bichinho de voltar. Mas há certamente muito mais de bondade, de responsabilidade e de humanidade nesse gesto.
Nesse gesto de partir sabendo que se pode morrer longe de casa, vitima de violência brutal, enquanto se faz algo que raramente é reconhecido e do qual não se espera reconhecimento, algo pelo qual não se ganha mais do que uma sensação boa.
Descansem em Paz.

domingo, novembro 05, 2006

Deixa...

O cansaço, a frustração, a tristeza, o aperto na garganta, a raiva, o despeito, o medo...
Passa tudo quando a pequena Maria olha para mim com aqueles olhos enormes, agarra no livro de colorir do Noddy e nos lápis de côr e me diz, antes de eu ir embora:
- "Deixa-me ir para tua casa ficar contigo. Eu também estudo."

sábado, novembro 04, 2006

Duvidas Existenciais I

Porque é que uma mulher pinta as unhas de vermelho agora...
... e no minuto seguinte já se sente mais sexy ?

quinta-feira, novembro 02, 2006

Pronto... agora vai piorar mais ainda LoL

Enquanto tento estudar aparece, volta e meia, a minha mãe. Azafamadissima. A fazer a mala para ir ver o seu santo filho. Para o qual leva uns figos nos quais nem me deixou tocar. Fique aqui registado oficialmente neste blog quem é o filho e quem é a enteada :P (aiiiii manooo, que sortezinha ham?!?).

Para alguém como eu, que faz sempre a mala na véspera da viagem, aliás, três horas antes da abertura do check in, isto é inédito. Reconheço que o meu método não é o ideal, fica sempre metade da roupa na origem (seja ela qual for a origem), as poucas coisas que me lembro de pôr na mala nunca são aquelas que, chegada ao destino, queria que fossem. Já sem falar no ferro de engomar que ficou ligado um mês inteirinho... se ficasse fora de casa três anos, ficava ligado três anos :) Ups, ainda bem que foi na era "pré-aumento de 16% na conta da luz".

Neste "faz-não faz mala" descobrimos um bubu vermelho com diversos motivos tropicais (medonho!), uns vestidos dignos de videoclip dos anos 80 e ... uns óculos D&G, redondos, com padrão de zebra!! (Quem é que compra uns D&G padrão zebra??) Prefiro acreditar que a minha mãe nunca usou aquela coisa...

A mami vai embora e com ela leva:

  1. Metade da minha roupa... A metade que não vai é porque eu escondi ou porque fiz chantagem psicológica do género "e depois? eu ando nua é?" e ela "mas onde é que tu vais com um top sem costas em pleno inverno?", e eu: "sair á noite", e ela: "tu não sais á noite"... Pronto, leva ela o top.
  2. O grito de guerra: "Shaaaaaaaaaaaaaaaaraaaaaaaaa, já começou o Foguinho!"
  3. Aquela sensaçãozinha de acordar ao sábado de manhã com chill out de fundo (que vai alternando com RDPÁfrica LoL).
  4. A última esperança de que o meu bonsai sobreviva, bem como as plantas todas da casa, que por mais que eu regue, secam sempre.
  5. Os óculos de zebra (?) ... ai que medo!
  6. A hipótese de chegar a casa, ter a luz acesa e alguém á minha espera.
  7. As conversas de mulher para mulher nas viagens compridas.
  8. A pessoa com quem mais refilo, e que mais refila comigo. E a pessoa com quem mais falo.
  9. A necessidade de esconder e engolir lágrimas para não preocupar ninguém; agora posso chorar á vontade mas não sei se é isso que quero.
  10. A mulher que mais admiro, que dá luta e que nunca baixa os braços.
  11. Um bocado (grande) de mim.
    Quatro quintos da minha familia está longe de mim... E querem que eu acredite naquela história de que não fui apanhada no caixote do lixo? Bahh

Já tenho saudades... Se há alguma coisa mais importante no mundo do que a familia, eu ainda não a descobri.

terça-feira, outubro 31, 2006

Ahm?!?

Feliz dia da bruxa???

Ah! Obrigado! :P

P.S.: Se o gato preto não tivesse saido a voar na vassoura para ir buscar os pós de asa de morcego que faltam para acabar o feitiço... ias ver o que te acontecia, não ia ser bonito... eu a bater-te com a vassora voadora... E não, isto no nariz NÃO é uma verruga.

Cansei!

... E hoje cansei-me de ser boazinha, compreensiva, passiva e "a que aceita tudo".

Era o que faltava, já não poder dizer o que me apetece! Ah não gosta!?! Temos pena! Mas o certo é que, se ninguém me calou até hoje, dificilmente alguém irá calar.
Digo o que acho, o que não acho e o que me apetece. Quando me apetece. E porque quero. E asneiras também, se for preciso. Muitas. Com raiva, com carinho. Com o que for preciso. Mas calar é que não. Se só for ouvida a gritar, é a gritar que me vou fazer ouvir.

Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!

(mistura de "grito do Ipiranga" com "acabaram os meus dias de madre Teresa")

Sou maior e vacinada (muito vacinada, aliás... contra as duas hepatites, a febre amarela, VASPRs e etc incluidas... vacinada até para as quedas e cabeçadas da vida), digo o que quiser. E cansei.
Desiste. Porque quem gosta de mim, gosta de mim sincera e verdadeira. Ah pois é... bebé!
... Era o que me faltava ...

Dias Revelação

Dias revelação, é como lhes chamo.
Aqueles dias em que reconheço que me estou a afastar daquilo que realmente sou e que regresso um pouquinho a mim, á minha verdadeira essência. Há quem diga que sou bipolar. Might be.
Tenho saudades das ruas, dos meus mcs, saudades daquilo que era e deixei para trás, dos concertos, dos beats e da paixão de quem neles deposita tudo o que vai na alma. Saudades de pessoas reais, com preocupações verdadeiras, de pessoas que se movem por outros ideais. Pessoas que entendem que ser rico não é tudo, ter fama é nada. Que querem fazer mais, mas não precisam de ser reconhecidos por isso. Que não precisam de ter tudo. Que acreditam nas mesmas coisas que eu. Ás vezes descubro que me transformei exactamente no que não queria, que cedo ás pressões que a sociedade impõe em nós, os que se deixam levar. Conheço pessoas que não são assim; são diferentes. E que não morreram por isso. Que desistiram de viver com este aperto de sentir que fazem não o que querem, mas o que devem. Aliás, muitas pessoas assim. Que não são o protótipo da miuda/menino perfeito. Bem pelo contrário até.
Mas foi nessas pessoas que encontrei os sentimentos mais verdadeiros, foi com elas que aprofundei a noção de lealdade. Pessoas que estão sempre presentes. De uma forma bizarra, mas presentes. Que olham a mais do que aparências. Sinto a falta do meu eu minimalista. Estou no bom caminho though. Hoje após muito tempo olhei para o espelho e gostei do que vi, passou-me ao lado a beleza, vi apenas uma miuda com algum Q.I. Vi que na verdade não tenho quase nada e o pouco que tenho tá todo dentro de mim. É o que sei, o que vi, o que procuro, o que senti.
É assim que se percebe que grandes tudos são nadas.

domingo, outubro 29, 2006

Belinho

Ás vezes não sei onde vou buscar certas ideias. Agora faz tudo muito sentido.
Eu venho de uma familia que tem um gato. Que fala. Não, não é a familia que fala. O gato é que fala. O gato Belinho. Que diz "Oh, mãe", e "nada" quando lhe peguntam "o que é que se passa?". (E não, mano, não tou a falar do gato do telhado LoL.) Este é um gato a sério!! Ainda tentei argumentar, mas toda a gente olhou para mim com cara de "o quê? nunca viste um gato a falar? pel'a santa... pfff ainda tens muito pra ver na vida tu!".
E eu e a mami não conseguimos fazer mais nada a não ser vir a imitar o gato durante toda a viagem de regresso. Já não bastavam as galinhas do avô que ao meio dia menos um quarto (pontualmente!) se apresentam à porta do galinheiro para receber o almoço, aquelas que "só não falam porque não têm dentes". Não sei como vai ser agora, com a mudança da hora...

Chiquita vs. Beethoven...

Resultados do "Chiquita vs. Beethoven"??

... Errrr ...

Ganhou Illegal da Shakira. Menos mal. Qualquer coisa é melhor que "Os homens estão cada vez mais bonitos".

Pronto, a Chiquita foi destronada. GráçáDeuzz!

sábado, outubro 28, 2006

Chiquita Style

Ninguém merece ficar com a música da Chiquita "Os homens estão cada vez mais bonitos" na cabeça durante um dia inteiro... Principalmente quando junta á letra já de si fenomenal, um ligeiro (ou ás vezes não tão ligeiro assim!) meneio de cabeça... Ainda tentei ouvir um bocado de chill out para ver se neutralizava a tendência brega, mas não serviu de nada.
Quando quer, a música pimba consegue ser muito convincente! Talvez tente música clássica... Beethoven vs. Chiquita...
Ainda por cima não faço a minima ideia onde é que ela foi buscar essa ideia :P Devo andar nos sitios errados LoL
Hmmm... E se a Chiquita ganha? Ai que medo... LoL

quinta-feira, outubro 26, 2006

Nuevos linkz

A minha lista de links não é muito grande, mas considero especial cada um dos blogs que faz parte dela.
Ontem adicionei o link do Projecto Ancora, que é uma associação de apoio a pais em luto. Imagino que perder um filho seja uma perda irremediável e o blog da fundadora da associação deixou-me em alguns momentos muito angustiada, noutros enternecida e noutros encheu-me de esperança. Aconselho.
Hoje adicionei o das Superglamorosas, que é basicamente um blog fashion para quem tem capacidade de brincar com coisas sérias. Para ver quem tem os Manolos + giros, para debater quem usa a cor de verniz mais estonteante, e até, quem sabe, para poder dizer umas coisas mais a sério... como por exemplo, falar sobre a luta contra o cancro da mama que a Claúdia tem. Uma lição de coragem.

quarta-feira, outubro 25, 2006

Chuva (muito) dissolvente - Carta aberta

Obrigado.
Sei que não concordarás, mas na minha forma (que toca o esotérico, eu sei) de ser, dou por mim a acreditar em ciclos de 7/7... Sete anos de sorte, sete anos de azar? Silly me, sometimes... O nosso azar e a nossa sorte dependem da forma como encaramos o dia a dia. Claro que ao fechar portas e fechar corações estar-se-á sempre a permitir sete (ou mais) anos de azar. Mas manter portas, janelas e corações abertos não origina, invariavelmente, sete anos de sorte. O dificil é, por vezes, manter o coração aberto e a atenção focada em tantas coisas importantes simultaneamente. Ou tentar estabelecer prioridades. Depois surge aquela altura em que só apetece ganir. E que chove, chove e chove, por mais sol que faça lá fora.

Redescobri a enorme capacidade de adaptação ás circunstâncias que o ser humano tem. Agora entendo porque evoluimos. Enquanto há esperança não há muita tristeza. Mas descobri a grande dor da impotência (salvo seja). A dor de sentir que, aconteça o que acontecer, o que tiver de ser será. Sou fatalista. Imagino, sempre, os piores finais para todas as situações. Mas descobri agora que não fui talhada para ser conformista. É errado? Não me conformo com a impotência, com a pressão e com os erros que, no meio desta "inconformação" e pressão, cometemos. Acima de tudo descobri o medo de reviver na primeira pessoa aquilo que já algumas vezes assisti. Não quero um dos meus a sofrer. É legitimo? Ás vezes parece que viver não passa de uma guerra aberta entre as adversidades e a capacidade de lhes resistir. Redescobrimos prioridades, e isso surge muito claramente em algumas alturas. Crescemos, será?
Também sei que depois da chuva vem, invariavelmente, a primavera. Não necessariamente como a imaginámos. E é aí que surge a minha dúvida. Será que uma primavera qualquer chega? Será que basta que chegue a primavera? E os prados verdejantes, os pássaros multicolores que entoam maravilhosas melodias? Serão mesmo necessários? ... Ou será que chega meia dúzia de flores e um passarito magrelo e ranhoso cheio de boa vontade mas que mal saiba cantar?
Hoje acordei com esperança, algo que diz (e lá tou eu a sentir vozes... delirios esquizóides, será?) que não está tudo perdido. Agora ficava bonito eu assumir : Deus lá sabe, e o que tiver de ser será... Mas acredito que só conseguimos assumir algo tão sério quando temos a enorme capacidade de o aceitar. Ainda bem que acreditas em mim por mais "periclitante e á beira de um ataque" que eu esteja (tu adivinhas-me, meu amigo)... como diz a minha avó, isto é carne de cão e a "gente" não desiste, por mais que chova lá fora (e cá dentro). Porque há sempre algo em que acreditar.

terça-feira, outubro 24, 2006

Bonsai a.k.a. "Não tarda nada tá morto"

Convenhamos que não foi uma ideia inteligente. Oferecer, a uma miuda que mal sabe cuidar da sua vida e que anda a ter sérios problemas para manter três cactos vivos, um bonsai... Não foi uma ideia inteligente. Foi, até, irresponsável. Um bonsai de oito anos para eu cuidar?? (sinto-me pressionada com esta enorme responsabilidade).

Mas que foi uma ideia bonita e muito querida, isso foi.
Fez (re)crescer em mim a responsabilidade (o "acreditar" virá com o tempo) de cuidar e de (re)investir algo em alguma coisa. Era bom... Não sei...
Lembrou-me aquele feijãozinho embrulhado em algodão, na janela da sala de aulas da minha escola primária. Feijãozinho esse que deve ter tido, também ele (e á semelhança de todas as flores, plantas e etc com que me cruzo) um trágico final.
O que chove! Chove tanto... cá dentro, lá fora.

domingo, outubro 15, 2006

Pedro, o Milionário

Estou chocada, confesso. Agora entendo porque não vejo tv.

Hoje á hora do almoço vi um programa. Ainda estou chocada. Segundo o que percebi, é um reality show em que "14 mulheres mulheres entram numa quinta luxuosa onde durante 24 dias vão viver um verdadeiro conto de fadas, sabem que vão conhecer e conviver com um homem elegante e com algum dinheiro, mas logo à chegada são informadas de que o homem com quem vão conviver nas próximas semanas, recebeu há seis meses uma grande Fortuna...avaliada em cerca de 20 milhões de euros!".

Como é que 14 mulheres bonitas (a maioria), jovens, com braços e pernas e cérebro e essas coisas todas, se propõem a isto?

Escusado será dizer que as meninas andam todas maravilhadas com os cenários de muito luxo, os passeios a cavalo e as limusines, a mansão etc e passam o dia em conflitos, intrigas e birrinhas. Tipico. Há uma que passou o programa todo a chorar. Ela era chorar com medo de não ser escolhida, ela era chorar quando foi escolhida (choro ao qual, neste momento, adicionou um ligeiro tremor), ela era chorar quando soube que iam para Barcelona... Por favor, com tantos motivos para chorar!!

Entretanto quando souberam que iam para Barcelona, uma das primeiras perguntas das meninas foi "será que o Pedro nos vai levar ás compras?"... E trabalhar para poder ir ás compras com o seu próprio cartão, não?... Continuo chocada.

"No final, apenas uma mulher será a escolhida pelo Pedro, e a quem ele terá que contar toda a verdade, ou seja, que não é milionário! Será que se não fosse pela conta bancária, ela nunca se interessaria pelo Pedro? Ou será que ela vai perdoar esta grande mentira e no final o amor ultrapassa tudo?"

AMOR???? Mas alguém ama alguém depois de estar 24 dias num programa ao qual concorreu porque o dito cujo homem dos sonhos era milionário? Pode ser de mim, mas há algo muito errado aqui.

A unica coisa que este programa passa é a banalização. A banalização dos sentimentos, a banalização da mulher. Enfim, é o eterno imortalizar da mulher bonita, burra, fútil e interesseira.
As femininistas que queimaram os soutiens há 30 anos para permitir que a mulher tivesse mais direitos devem andar todas a dar voltas nos caixões... Bem como todas as pessoas que actualmente lutam pela dignificação da mulher por esse mundo fora.
Porque sim, pode ser só um programa de tv, mas é um programa de tv em que a mulher é seduzida, humilhada, vulgarizada em troca de brilho, de luxo, de dinheiro. E isso é o que passa para fora, para a sociedade portuguesa (que de si já nem é nada machista e onde nem se dá o caso de uma em cada três mulheres ser vitima de maus tratos...), para as meninas portuguesas que são bombardeadas com este triste panorama durante o almoço de domingo.

Continuo chocada. É que há mulheres independentes, que trabalham e fazem para ganhar as coisas que tem. Que não se iludem com luxo nem com dinheiro. Que não precisam que o homem que escolhem seja milionário para o amarem. Que conquistam cada bocadinho do seu espaço, que respeitam e esperam ser respeitadas. Mas dessas a TVI não fala.

sexta-feira, outubro 13, 2006

Narciso

Narciso era um homem lindissimo (desses que já não se fazem... provavelmente gostosão, educado e pouco burro... ) ou achava que era. Achava que era tão bom, tão bom, que rejeitava as pretendentes (miúdas boas, de bons principios, bem formadas e que gostavam mesmo dele). Não por não gostar delas, mas por achar que não estavam á sua altura. Ou, se não as rejeitava, relacionava-se com elas enquanto pudesse tirar dai alguma coisa boa para si mesmo.
Eco apaixonou-se por ele. Ao ser rejeitada, trancou-se no quarto sem comer nem beber, consumindo-se de dor, até desaparecer. (Havia de ser filha da minha mãe havia... Era porta abaixo e ainda apanhava por cima para aprender a não chorar por homem nenhum... "ah queres chorar?? Toma lá para chorares com motivo"...). Mas, como não era filha da minha mãe, a menina desapareceu só se conseguindo ouvir o eco da sua voz e as suas preces. Nemésis, a deusa da vingança (porque é que a deusa da vingança tem de ser mulher?!?), ouviu as suas preces e decidiu castigar Narciso para que sofresse da mesma forma que ela. Conseguiu-o fazendo com que Narciso se apaixonasse por si próprio ao ver a sua imagem reflectida na água do rio (se houvesse espelhos na altura, teria sido bem mais fácil).
Loucamente apaixonado, Narciso não conseguia parar de olhar para si mesmo, de viver naquela imagem que aos seus olhos parecia perfeita. Queria tocar e abraçar e ter para si o objecto do seu amor mas sempre que o tocava, este desvanecia-se. Embrenhado que estava na tarefa de se amar a si próprio nem se apercebeu que era a sua imagem que venerava e ao inclinar-se cada vez mais, caiu ao rio e afogou-se.


Temos pena.


Narciso não era perfeito. Apesar de lindo. E de certeza não era melhor que ninguém. Nem mesmo melhor que a Eco que até nem devia ser má miuda apesar de ingénua e sonhadora (Por amor da santa... morrer por um homem?!?). Narciso nem sequer sabia nadar (Yoooo).


É por isso que a história do Narciso sempre me atraiu. Porque eu até sou muito apologista da auto-estima, etc e tal. Gostar de si proprio é bonito e extremamente necessário nos dias de hoje. Mas SÓ gostar de si próprio... já chateia. Manter as pessoas à volta para beneficio exclusivo, sabendo que causa sofrimento... ignorar as preces, ser evasivo em relação aos sentimentos dos outros, jocoso até... e ainda achar que está certo???


O Narciso pronto, não teve culpa de tudo, a deusa Nemésis também teve a sua quota-parte de culpa... Entretanto desde a altura da mitologia grega até agora, Nemésis já se deve ter reformado. Sim, ninguém aguentava andar a vingar-se desde +- 700 A.C. até agora... Por isso não me venham com desculpas, a culpa dos Narcisos actuais serem narcisos é toda deles. Pena que, 2700 anos depois, os Narcisos ainda não tenham noção da realidade. De que são giros que dói e realmente adoráveis, mas que os outros... TAMBÉM.


É que ao outro ainda se perdoa que se apaixone por si mesmo, afinal era uma imagem reflectida num rio, podia dar margem a dúvidas... Mas hoje, com a quantidade de espelhos (de aumento até!) que há...


Leitor nº 1000

Ahhhhhhhhhhhhhh acho que fui o leitor nº 1000 do meu próprio blog!!!

quarta-feira, outubro 11, 2006

As coisas que eu aprendo...

Retirado do meu "querido" Harrison em relação á avaliação da má absorção intestinal:
" Na prática, coletar fezes sempre é dificil e nem sempre o processo é satisfatório, já que ninguém gosta de manusear fezes."
Hmmm, vá-se lá saber porquê... LoL

sábado, outubro 07, 2006

Filha de duas terras

Ser filha de duas terras é f***.

Queria era estar lá, pertinho da baía com o meu pai e o meu irmão. Com a minha mãe também. Ser filha de duas terras é nunca ter a familia junta, sentir sempre saudades de alguém, querer estar sempre onde não se está... Ser filha de duas terras é amar o mar de Luanda e o mar de Lisboa. Ser filha de duas terras é ter sempre dois futuros, duas hipóteses, dois mundos. Duas culturas e um sotaque só.
Ser filha de duas terras é ter saudades das pessoas, do barulho do ar condicionado, do sábado á tarde em Luanda, da terra vermelha, da poeira, do luar no Mussulo. É ter saudades de uma chuva tropical, de ouvir o kialumingo. É ter saudades do brilho e da poluição no ar de Lisboa, das luzes, das estradas, dos meus meninos a brincar no parque do bairro, do luar no meu lugar secreto. É não resistir a uma moamba mas também gostar muito de cozido á portuguesa. É ter familia branca, preta e mulata e amar todos. É ter amigos pretos, mulatos e brancos e gostar de todos da mesma forma. É viver em saudade. É, também, ter muito orgulho. A dobrar. É ser feliz ao som de uma kizombinha. Ser nostálgica como o fado. É saber dois hinos. Ser filha de duas terras é ser misturada desde a ponta do cabelo até ao dedinho do pé. É reconhecer o bom e o mau de cada uma das terras, saber bem que sou um pouquinho do bom e do mau de cada uma delas. Mas ainda assim, nunca saber muito bem o que sou. É uma luta constante, uma dúvida constante, uma mudança constante.
Ser filha de duas terras é assim.

Karma

Parabéns Papi e Mano.
Depois não me digam que karma não existe.

(karma... não kama... e muito menos kama sutra, que também existe claro... aiiii tenho de ser sempre eu a por juizo nessas cabeças?!?! LoL)

Retomando.... Depois não me digam que karma não existe.
(o site é feínho(?) mas explica bem)
Retomando a retomar... Depois não me digam que karma não existe.
Eu sou daquelas (sei lá que tipo de pacto fiz antes de encarnar), que se pisa alguém e não se arrepende na hora é pisada o mais tardar uma semana depois. E com o triplo da força.
Não é fatalismo, é verdade. É por isso que esta vida vivo assim na base do sorriso... sei lá o que me espera na próxima!!
Não que me esteja a queixar. Neps, afinal uma pisadela ou outra nunca fez mal a ninguém. E ensina a pedir desculpa ou a evitar a próxima LoL Nem que seja por medo de uma pisada de elefante.
A cena é que olhando á volta... não entendo, há gente mesmo má. Gente assim do pior, tipo... ya esses mesmo maus... Talvez tenham as suas razões e por isso os erros lhes sejam permitidos e desculpados... Talvez não sejam realmente maus e tudo tenha de acontecer por um motivo... Sim, talvez no fundo sejam boas pessoas e isto tudo não passe de um ajustar de contas entre os erros de umas vidas e de outras... (eu ainda acredito no Homem instrinsecamente bom corrompido pelo meio... oh lá estou eu com discurso de miss - há coisas que não mudam, Esquizóide LoL)... Não sei.
Ou talvez todas as pessoas sejam boas e eu tenha acordado mesmo extremista e ranhosa hoje.

P.S.1: E se alguém hoje toca no tópico "circunstâncias da vida"... vou ficar mesmo zangada.
P.S.2: Não sei se repararam mas desde que aprendi a linkar, só quero linkar tudo e todos :) ... eu não sou mesmo uma pessoa normal LoL

quinta-feira, outubro 05, 2006

De bem com a vid-ómetro

Hoje liguei o "DeBemComAVidaómetro".
Maus feelings atraem sentimentos ainda piores e eu recuso-me a ficar amarga.
Hoje tou leve, livre e solta. De bem comigo e com o meu deus (Mr P não me batas). De bem com o Mr P (espero), já que cheguei á conclusão que não há muito a explicar nem muito por onde discordar. Apenas uma convicção de que se existe algo que faz tão bem, não pode ser mau. Ainda que na sua forma seja diferente de umas pessoas para outras.
Hoje percebi que há horas do diabo mas que também há muita gente boa á volta. E os que não parecem assim tão bons podem ser reinventados. Hoje já não estive taquicárdica, nem tremi. Talvez seja só a anemia a melhorar ou seja o efeito de menos cafés diários LoL Mas hoje também percebi que "Misery needs company", e nah nah ni nah nah, eu não 'tou nessa.
P.s.: Por falar em optimismo, acabei de ler o blog do Matrafão... e acho que ele também me entende, de certeza! ;)

sábado, setembro 30, 2006

Prova de Resistência

Para este exame sinto que todas as minhas capacidades estão a ser testatas. Cito apenas algumas:
1. Capacidade de sublinhar direitinho (com as respectivas cores) enquanto penso em tudo menos no que estou a ler. E tudo inclui assuntos que variam entre "será que vai chover?" e coisas realmente importantes tipo "hoja dá o Foguinho?".
2. Capacidade de acumular garrafas de água de 1,5 l vazias. Não entendo porque é que nunca as deito fora no final do dia.
3. Capacidade de achar que ir ao Continente no final do mês é um programão para um sábado á tarde. Ou de achar que qualquer coisa que não inclua enfarte do miocárdio é um programão para sábado á tarde, incluindo um documentário sobre os pêlos das patas das moscas varejeiras.
4. Capacidade de engolir sapos, daqueles bem grandes e gordos, para não iniciar brigas com ninguém... tudo para não ficar zangada e perturbar o estudo.
5. Capacidade de não conseguir aceitar convites que vão desde ir ver Soweto Gospel Choir (desculpa Anya linda, não deu mesmo, mas eu queria muito) ou o Bonga, tomar café já aqui em baixo, ir ao festival de pirotecnia e ir "ventoinhar"...
6. Capacidade de me emocionar com qualquer música que eu ache recente, embora toda a gente já a conheça há pelo menos 3 meses.
7. Capacidade de fazer bolos (tipo dona Benta ou "na roça com os tachos" ou chef chelas), porque é decididamente mais divertido que o enfarte do miocárdio.
8. Capacidade de, talvez, conseguir diagnosticar, tratar e prognostiquizar(?) um enfarte de miocárdio. Neste ponto ainda tenho algumas dúvidas LoL
Bom fim de semana para vocês também!

quinta-feira, setembro 28, 2006

Hip Hop... ando

O hip hop já é meu há alguns anos. Ou melhor, o hip hop já me tem há alguns anos. Dez, mais ou menos. Devia ter 14 anos quando gravei a minha primeira música, na casa do Lua com o Nuno, rudimentar style. Era uma música relacionada com HIV e já nessa altura eu era esta mente revoltada e confusa. Mas tinha, para uma menina de 14 anos, uma consciência social muito apurada. O Nkrumah passou o meu som na aula de filosofia e tive os meus 15 minutos de fama. Não foi fama a sério porque naquela altura ninguém gostava de hip hop. Ou pouca gente gostava. Gostar de hip hop não era fashion. Por isso, gostei de hip hop desde o ínicio.

Até hoje. Não participei em nenhum album (mas tive perto :P), não vou a tantos concertos como queria, não oiço as músicas que gostaria... Mas o hip hop tá sempre comigo.
E, nowadays, já que não canto, danço. LoL Não é de agora. A dança sempre fez parte de mim, desde que comecei a dar os primeiros passos de kizomba em cima dos pés do meu pai. Já nem conto com a parte do "abana, abana e bate palmas" que todos os adultos obrigam as crianças a fazer e que me devem ter obrigado a mim também.
Quando vim para Portugal o hip hop "dançado" assumiu o papel mais importante de sempre. Era nas aulas de dança que afastava o medo de estar pela primeira vez sozinha, o cansaço do primeiro ano de Medicina em que tudo era estranho e dificil. Era nas aulas do Pakas que eu voltava a ter o calor de Luanda, o sotaque de Luanda. Era lá que não sentia que estava sem mãe, sem pai e com frio. Ás vezes tenho saudades, perdi o rasto de toda a gente, mas ainda ficam as memórias da primeira apresentação no ISPA, do caminho de metro Av. Liberdade-Entrecampos á noitinha...
Nunca deixei de dançar, embora tenha feito muitas, muitas interrupções. Eu tentava acompanhar mas se ao inicio ia 4 vezes por semana, depois só ia três e no final já nem ia. Medicina é assim, se não são os bancos, são os estágios cansativos ou uma história clinica para fazer, e se não é uma história clínica é uma apresentação dum caso clinico ou dum artigo de revisão sei lá de quê. Havia sempre (ou quase sempre) tempo para uma sexta feira d'eu e da morena, em que iamos dançar. A última do mês era Urbanite no ComVento. As outras era dançar. Só dançar e ver dançar. Acho que durante quase um ano que saimos juntas, nunca conhecemos ninguém na noite. Porque iamos para dançar. Só dançar. Há muito que não sinto essa sensação de liberdade que era sair com a Nez. O lema era "nós dançamos muito!" (O que não era necessariamente verdade!! LoL).
Não consigo explicar muito bem o que a dança me faz, mas faz-me bem.
Quem me acompanhou o ano passado ainda me viu a vibrar com o "Nike RockStar Hip Hop WorkOut" (aquele do anúncio do "don't tell me i'm nota an athlete"... rings a bell?) que fazia com que, fosse onde fosse que eu ouvisse o "SOS" da Rhianna, me pusesse a dançar. Era mais forte que eu. Entre as aulas e os passos em frente ao espelho de minha casa, a bater constantemente na parede porque o espaço é pouco... preparámos uma coreografia digna de MTV. Mas eu, ou não fosse eu, cheguei uma hora mais tarde no dia da apresentação... Não tenho culpa de ninguém me ter avisado que mudava a hora, ou tenho? :P
Desta vez... eu juro que tentei. A minha intenção era estudar. estudar, estudar... Nada de hip hops porque a dança cansa e ocupa tempo precioso. Mas o Pedro ligou!!! E a proposta é tentadora. Vou encarnar a deusa Kali e Bollywood aqui vou eu!
Porque afinal eu nem preciso de muito, as far as i got my hip hop.
P.S.: Já sentia saudades do Jamie King na minha vida!

quarta-feira, setembro 27, 2006

Ideias soltas

1. "A minha mulher, continua sempre deslumbrante! Continua linda, bela, boa cozinheira, boa mãe, boa esposa, boa amiga, boa psicóloga, enfim… O meu anjo pessoal! "
A passear por blogs encontrei este post num deles e achei o máximo a forma como o autor fala da mulher e do filho... Não o conheço, mas a entrega á familia é contagiante. Muito bonito mesmo.
Também quero!!!!!!!!! (Não do autor do blog, claro! O que quiz dizer é que achei tão bonito que não me importava nada que me dissessem o mesmo... Xim?).
Pode-se cortar a parte do "boa psicóloga"... e talvez do "boa cozinheira" (ou essa pode-se deixar, porque saladas variadas, sopas passadas, calulu e feijão de óleo de palma é comigo!!)...
Depois fiquei meia hora com um sorriso nos lábios a sonhar com o dia em que o meu marido me vai dizer uma coisa parecida... Se alguma vez tiver um marido que me ature LoL
2. Tenho saudades de usar o meu estetoscópio. Amanhã acho que vou ver os meus primos, eles tão sempre prontos para ser auscultados. Pudera, desde que se conhecem como gente que são auscultados por mim. Confesso, ás vezes serviram de cobaias sim! Mas umas cobaias lindissimas, pestanudas e amorosas. Nada de mucorongos nocauteados. Aliás, não é a Shara que tem um estetoscópio como o do dr. Sérgio (o pediatra deles), é o dr. Sérgio que tem um estetoscópio igual ao da Shara. São o meu orgulho, aqueles dois.
3. A minha mãe anda a comer gelados por Portugal inteiro. E liga-me a dizer. Não acho bem LoL
4. Decobri que "a doença de Lyme é causada por um espiroqueta oriundo de um carrapato". Um carrapato?? Pela santa, porque é que nos obrigam a estudar isto??
5. Estudar com tampões dá sono. Tampões de ouvidos, subentenda-se. A Cris é que descobriu isto. Acho que tem a ver com a sensação relaxante de parecer que tamos a estudar debaixo de água.
6. Não adianta querer ser amiga de famosos. O Jay (que ainda nem é famoso) deixou-nos penduradas com o jantar. Pasta com pesto. Nem quero imaginar como vai ser... Vai fingir que não me conhece!! LoL
7. Eu devia ser proibida de escrever em dias assim.

segunda-feira, setembro 25, 2006

Saudades, sabes?

Saudades, sabes?
Hoje foi assim, todo o dia.
Não sei bem de quê, mas saudades.
De acordar com um rumo, com uma mensagem no telemóvel, com um doente á espera, com sangue para tirar e diários para escrever. Sair com pressa para ir encontrar alguém, ou não querer sair para poder ficar só mais um bocadinho com alguém.
Saudades de alguma coisa em concreto, de acordar para alguma coisa. Não apenas para mais um dia (ainda por cima cinzento), para mais 14 páginas lidas de enfiada, para decorar. De que serve decorar, se não fica? Por isso nunca gostei de decorar, porque é superficial. Porque não me lembro depois. Por isso nunca decorei aniversários, aprendi os que importam. Nem números de telefone importantes. Os que aprendo não consigo esquecer. Nem querendo.
Decorar, só músicas. Todas. Para depois cantar aos berros no carro. E voltar a por a mesma música que nem sequer gosto, mas que disseste ter a ver comigo.
E porque a música que era minha deixou de o ser (e eu nem percebi bem porquê), trato mal as pessoas, sorrio á força. Porque estou cansada de ter de decorar tudo mas não poder decorar os teus olhos, o teu sorriso, as tuas mãos.
Saudades, sabes?

sexta-feira, setembro 22, 2006

Confissões

Ao contrário do meu amigo egófono, não me fui confessar. Mas segui o conselho dele e confessei-me. Parar implica mesmo olhar para dentro e até eu, que sou uma pessoa "areada" e outrora loira, preciso de confessar o que me passa pela alma. De pensar não... Aliás, pensar já penso demais, numa época em que se prefere que as pessoas não pensem muito. Mas nestes dias em que até os Noddys de olhos (tão) doces e sorrisos (tão) perfeitos se transformam em sapos, o melhor é ir pensando.
Não fui a um padre though. Os meus assuntos, eu resolvo com o meu deus, numa descrença total pelas ditas regras que nos impõe uma igreja com a qual não consigo concordar. Respeito. Mas o meu padre sou eu, são as minhas amigas.
Nós procuramos perdão de uma forma diferente. Em confissões num estilo que mistura "Sex and the City" e "Donas de Casa Desesperadas", num centro comercial em cima de uns saltos agulha mega fashions com make up que inclui bronzing powder e anti-olheiras (imprescindiveis nesta altura do campeonato), a Loo ouve as minhas dores, e eu as dela. Os meus receios, os meus pecados... Os meus erros. Não sei se me perdoa, mas suspeito que pelo menos me entende. E quando não entende, critica-me abertamente, chama-me de maluca e diz que tem medo de ficar parecida comigo. LoL Não sei se isso é bom ou mau sinal, mas faz com que eu olhe para as coisas de uma forma diferente e tenha, dentro de mim, a percepção do erro.
Ou uma outra confissão, numa varanda, pertinho da máquina do café. No escuro não se vêem lágrimas e isso protege. Posso dizer o que penso, pôr em palavras a minha revolta egocêntrica, sentir pena dos sonhos egoistas que nunca se vão realizar, arranjar justificações hipotéticas para situações que não entendo, e sentir a necessidade de pedir perdão por só pensar em mim. E podemos rir logo a seguir a isso, eu e a Cris. Com a sensação de termos também oferecido a verdade a esse deus que algures zela por nós. E porque afinal ainda cá estamos. Menos sonhadoras. Mas ainda crentes. Cada vez mais duras dentro da nossa fragilidade de pessoas que erram e que precisam de ser perdoadas. E prontas para não errar de novo da mesma maneira.
E isso nenhum padre pode fazer. Aqui não há padres, mas há a humildade descomplexada de admitir os erros (nossos e dos que nos erram) perante alguém e de assumir a responsabilidade (perante nós) de não os voltar a cometer, pelo menos de uma forma deliberada. Já me dizia o egófono numas das muitas confissões, que as coisas têm de partir de nós, o perdão tem de partir de nós. Por isso acho que os meus amigos podem bem fazer de padres.
Pelos menos dão-me umas valentes vassouradas na alma, não é betinho? :P
P.S.: Volta Betinho... tamos perdoados LoL... Amanhã ás 11 no Ágora?

quinta-feira, setembro 21, 2006

Paz

O que é que eu quero?
Normalmente isso é algo que eu nunca sei muito bem... LoL...
Mas hoje sei. Hoje quero apenas agradecer por poder ter PAZ.
Por não ter de adormecer e acordar com medo, nem ter de o fazer ao som de tiros e gritos. Por não ter medo de ser perseguida por ter ideais diferentes. Por poder dizer alto tudo o que penso, sem medos.
Por saber que posso morrer por uma bala perdida ou por estar no sitio errado. Mas que é menos provável.
Por ter uma paz que me permite ter comida, saúde e educação. E que permite fazer planos de futuro. Uma paz que permite reconstruir.
Agradecer por conseguir dar valor a essa paz, cada vez mais rara.
E pedir que ela fique.





21 de Setembro - Dia Mundial da Paz

(que algum dia será mundial?)

terça-feira, setembro 19, 2006

Under Construction!

Fuuuuu!! C'órror!! Nah, o bloguinhu não vai ficar assim... Tou só a tentar tirar aquele rosa aos pouquinhos... Aquele rosa deve ter vindo a propósito na altura mas agora... nah, o rosinha já não é (definitivamente) aquela cor que fica bem com tudo!! LoL

Tamos em construção. Eu, o blog, os cactos...

Prometemos ser breves.

quarta-feira, setembro 13, 2006

Existem ladrões?

- Shara, existem ladrões?
Hmmm … Penso duas vezes antes de responder. Preferia dizer-te que não. Mas acho que mereces saber a verdade.
- Existem. Uns mais, outros menos perigosos.
Existem pessoas que roubam para sobreviver, outras que vivem a roubar. E como em tudo, existem ladrões maus e bons. Existem ladrões que fazem sofrer muitos, muito e muitas vezes. Existem ladrões de tudo o que possas imaginar. Existem ladrões de sonhos e vais certamente conhecer também ladrões de corações.

Hás-de ser tu, também, ladrão um dia. Todos somos. Aliás, tu já és um pequeno ladrão. Roubaste parte de mim no exacto momento em que te vi pela primeira vez, no bloco de partos da MAC. Sempre que durante o meu estágio de obstetrícia lá entrei, aquela sala esterilizada roubou-me um sorriso. Tu roubas-me tempo, paciência, roubas-me amor. Por mim, podes roubar tudo o que quiseres. Dás-me tanto em troca. Ás vezes eu também te roubo… Roubo-te beijinhos, roubo-te lágrimas, roubo-te a muito custo um “também gosto de ti” e um abraço apertado. E roubo-te inocência quando não te deixo acreditar num mundo sem ladrões. Mas isto são roubos saudáveis, são roubos que sabem bem.

Entretanto já adormeceste, acontece sempre quando andamos mais de quinze minutos de carro. Enquanto a Maria aponta ao fundo os "braquinhos" do rio Tejo, já não tenho coragem de te acordar para dizer que em relação aos ladrões a sério… não sei… espero conseguir, por enquanto, proteger-vos deles.

terça-feira, setembro 12, 2006

Flores

Ofereceram-me flores hoje.

Três pequenos cactos. As plantas indicadas para a menina espinhuda que sou.

Fico feliz. Não precisamos de ser todas rosas vermelhas.



P.S.: Os cactos já têm nome. O maior, com mais espinhos chama-se "Cardio". Há um pequenino com milhentos picos afiados que se chama "Hemato". E o outro, que nem é grande nem é pequeno, com espinhos q.b. chama-se "Nefro". Tudo em honra dos espinhosos capitulos do Harrison.

Ordenada

Ontem fui fotografar as minhas olheiras para me inscrever na Ordem. Não na Ordem das Carmelitas descalças (embora não fosse má ideia). Na outra ordem. A tal. Isto é assim. Ele é benção, ele é baile, ele é fim de estágio, ele é inscrição na Ordem, ele é entrega do diploma... pior do que aquelas comemorações dos 500 anos de sei lá o quê. Don't get me wrong, vivo cada um destes momentos com muita alegria... Acho é que o Harrison me anda a transformar numa pessoa amarga LoL
'Tou a ficar crescida, vi nas fotos... Ridicula a comparação entre o antes e o depois da faculdade, quando antes ainda usava risco ao meio... Quer dizer, agora já uso risco ao meio outra vez, ás vezes... Errrrrrr.... São modas!! É caso para dizer "Mudasti, mudasti!!"... Ou melhor, "Mudeimi, mudeimi" :)
Entretanto, ainda durante a batalha Harrisoniana, descobri novos prazeres da vida.
  1. Comer: algo que não seja comida de cantina, sabe a foie gras com caviar e champagne. Pensando bem... eu não gosto de foie gras nem de caviar... Mas uma moamba hmmm isso sim... e mandioca frita com feijão de óleo de palma hmm...
  2. Dormir: nem é pelo facto de dormir... é só porque oito horas seguidas sem livros é um luxo... Obaaaa!!
  3. Marcadores fluorescentes: já tenho 12 cores diferentes (nem eu sabia que haviam tantas), com uma ordem que sigo religiosamente e que passo a citar: titulo-subtitulo-texto principal-texto não tão principal-coisas importantes-coisas extraordináriamente importantes (Cris, só pra ti LoL)-coisas boas-coisas más-percentagens-legendas etc... Os meus livros parecem a versão impressa do Carnaval da Vitória. E sim, começo a achar que tenho alguns traços obsessivo-compulsivos.
  4. Não consigo lembrar-me de mais nenhum... LoL

terça-feira, setembro 05, 2006

Cupido,
Hoje é um daqueles dias em que, se eu pudesse, te afogava. Só mesmo para aprenderes a não andar a atirar setas á toa, quando sabes que não deves. Temos problemas sérios, tu e eu. E também tenho problemas sérios com os casaisinhos que passeiam ao luar de mãos dadas e caras de parvos. Se passar mais algum desses parzinhos por baixo da minha janela, cuspo-lhes em cima. Juro. Porque uma coisa é andares divertido com os namoros de verão, outra é andares constantemente a irritar-me. Deves achar-te engraçado. Tu, as tuas setas ridiculas e essa mania de andares sempre a aldrabar as pessoas com essas porcarias do amor eterno.
Considera-te ameaçado. Mesmo.
Tua sempre inimiga,
Shara

sexta-feira, setembro 01, 2006

Voltei!!

Só mesmo um postinhu pra matar saudades. E para avisar aos que me odeiam que ainda estou viva. Continuo na luta. Eu, a Cris e o novo membro, o Humberto beto. Não tem sido fácil de todo. Não é fácil aturar-me mas eles estão a safar-se muito bem. Dez horas diárias de estudo. Até já fumo. Não, não fumo, mas tudo é pretexto para fazer uma pausa. Até ficar a levar com o fumo alheio.
Desta vez montei barraca novamente em Lisboa, depois de ter levantado tenda do São João. Por falar em São João, estamos com saudades das francesinhas e do tagliatelle com salmão. E dos Zés, da Lena e da Odete. E do Deuze, que dava sempre cabo das máquinas quando os nossos M&Ms ficavam ficavam presos na máquina ás duas da manhã. Da Suf não temos porque há uma semana que está desaparecida algures entre a praia e a festa do Avante. (Isto é para ti Suf, para não nos abandonares nos piores momentos... e fica sabendo que no próximo filme das Green's Angels já não te deixamos ser a chinesa). Nós já temos saudades tuas...
Ando a alternar entre o estado de desespero total e o estado de apatia total. Nos intervalos vou estudando umas paginitas. Não tem sido fácil. Está-se sempre a aprender e eu acabei de aprender que se dorme muito bem em cima dos livros. Entretanto já engordei praí uns dois kilos. Acho que vou para o exame a rebolar. Começo a acreditar que este exame serve para fazer com que as poucas pessoas que conseguiram chegar ao fim do curso de medicina com um aspecto saudável, o percam de uma vez por todas. Enfim, troquei o bronze pelas olheiras. Faz parte.
Entretanto continuo com saudades dos meus amigos. É bom ter amigos que se lembram de mim, mesmo que estejam a ir para o Queens ou que tenham uma "lombalgia filipada" ou que mandem mensagem ás 8 e meia da manhã e me acordem. É bom ter amigos que escrevem as nossas dúvidas num post it amarelo, a sete mil km de distância e acalmam as nossas preocupações. É bom ter uma amiga que desculpa eu ter esquecido o jantar combinado há uma semana atrás. É bom ter uma mãe que nos faz jantar todos os dias.

segunda-feira, agosto 21, 2006

Gargalhadas no silêncio

Em terras do Douro, tirei umas horinhas do meu tempo de estudo e fui ver os meus primos que também andam por cá. Precisava deles. Todos arranhados, morenos, barulhentos e enormes. Soube-me pela vida. Foi dificil convencê-los que não podem ir para a água a seguir ao almoço porque a barriga que está cheia de comida incha e depois ficam com dói-dói e têm de ir ao hospital. Ao que a Maria respondeu "não faz mal". Pois... Ela deixa-me sempre sem palavras.
O barulho dos meus Tarzans e da pequena Emma (que fala francês comigo... adoro, adoro!) constrasta na perfeição com o silêncio do lar da Naná. Escusado será dizer que eles entraram lá e deram vida ao lugar. Arrastaram-se nos corredores, empoleiraram-se na cama e lambuzaram a Naná de beijos ("vá, tudo a tirar a pastilha antes de dar beijinhos..."), viraram a cadeira ao contrário, meteram-se com todas velhotas que encontraram e quando dei por ela estava a Emma quase quase a tirar a "tampinha" inferior do saco de algália. "Pour vider le pipi".
O barulho e as gargalhadas das crianças são das coisas (felizmente) mais dificeis de controlar. Mas são as crianças que, ao não se apereceberem da doença, da morte e do sofrimento, conseguem transfundir felicidade.
Hoje o estudo tem outro sabor, o sabor das gargalhadas dos meus pequenos.
P.s.: By the way, ainda estou viva. Ainda estou no Porto com as outras aprendizes de feiticeira, a ser muito bem tratada, acarinhada e incentivada. Só tenho saudades. Da minha mãe e avó. E do mano.


sexta-feira, agosto 11, 2006

Tou desculpada?

Serve a presente para:

  1. Pedir que não me convidem... Senão eu fico ainda mais triste, a pensar no almoço dançante em volta da piscina enquanto a única coisa que vejo á frente são hepatites, transplantes hepáticos e colecistites. É que eu queria mesmo estar com vocês...
  2. Avisar a bolinha das insónias que por enquanto as minhas noites vão ser passadas em frente aos livros. E... por favor, não passem em frente á minha janela a fazer adeus antes de irem para a noite!! LoL
  3. Avisar que só aceito ser raptada nos próximos tempos se o rapto for perpetrado por marcianos verdes com a intenção de me enfiarem um chip (com a matéria do exame) na cabeça. Miki, desiste :P
  4. Informar que os únicos convites que aceito agora são para estudo. Mesmo. Não é tipo "vamos lá ali estudar no bar do doido". Depois o doido não se cala a tarde toda e estudar que é bom, nada! (é que o doido canta mesmo muito mal!!)
  5. Avisar que não quero ouvir "mas ainda falta tanto até Dezembro"... Eu sei que sim, mas já bastam os dias em que repito isso quando estou a lutar comigo mesma para me obrigar a pular da cama ás 8 da manhã em pleno Agosto. Acabo por sair porque tenho uma "voz de consiência" extremamente eficaz que me bombardeia logo com os piores panoramas possiveis. É que, como diria o meu professor de anatomia do 1º ano, "Dezembro é já amanhã!!!"

Mas tambem peço desculpa por todos os convites que me têm feito e eu tenho recusado sem querer. E pelos que vou recusar. Pelas chamadas que não atendo e pelas mensagens que não respondo e pela pouca atenção (ainda menos do que o normal) que vos tenho dedicado.

Pois é, vai ser assim nos próximos tempos... Pelo menos até acabar a 1ª rodada de matéria. Depois relaxo. Ou não LoL Como diz o Dr. Rui, o importante é fazer uma gestão eficaz do stress.

O facto de ter um exame a definir a minha vida stressa-me. Apetece-me agarrar no meu cartão da Ordem e ir para um sitio onde faça mais falta e onde eu provavelmente me sentiria melhor.
Por outro lado, alguma coisa ia ter de definir a minha vida, já que eu não o consigo fazer. Assim, se algo correr mal posso sempre culpar o juri do exame LoL É o que dá ser filha de duas terras, nunca se sabe o que fazer.
Tou desculpada?

segunda-feira, julho 31, 2006

Soube bem...

Hoje voltei ao hospital.

Foi estranho entrar sem bata (sim, porque antes andava lá a arrastar a bata cheia de bugigangas nos bolsos e o estetoscópio por todos os cantos, com aquele cheirinho de Cutasept e álcool nas mãos ásperas). E médica. E bronzeada!!! Mas soube bem.

Confesso que senti uma ligeira saudade das enfermarias mas sucumbi á tentação e fiquei-me só pela biblioteca a estudar. Ainda encontrei um doente antigo que mal me conheceu, vestida á civil que estava, mas que está a melhorar sim senhora doutora (mas ó senhor Costa, trate-me por Shara), e já nem tem dores não senhora doutora (trAte-me por Shara, senhor Costa), e que a cicatriz tá muito direitinha senhora doutora (Ohhh senhor Costa, por Shara... acho que este senhora doutora é algo que nunca me vou conseguir habituar). E vai de desapertar a camisa para que eu a veja, ali mesmo no meio da subida :)
Os meus doentes são assim, muito á frente.
Soube bem, deu para matar algumas das saudades que já tinha por estar uma semana longe (será que sou workaholic?) e para levantar os limpa pára brisas do carro do Pedro (e culpar o Yago, claro!)...

domingo, julho 30, 2006

E nem sequer é dos Dz'art!

Ontem encontrei os meus primos tatuados. Tinham pelo menos três tatuagens cada um, dos Dz'art, daquelas que saem no bolicao ou no chipicao (ou numa outra coisa qualquer acabada em cao que só lhes faz mal aos dentes).
Achei o máximo...
E quis logo incluir-me no grupinho deles.
Virei-me, e ao mesmo tempo que levantava a tshirt para lhes mostrar a minha, disse:
- Tão a ver, a Shara também tem uma tatuagem.
Os meus piolhos olharam os dois para mim com um ar que disfarçava (mal) algum desprezo e o João disse:
- Oh mas só tens uma! E nem sequer é dos Dz'art!
Pronto, fui excluida do grupo deles.
Senti, naquele momento, surgir o Generation Gap.
Qualquer dia estão a chamar-me de kota, a não querer que os amigos deles me vejam a dar-lhes beijos na rua...
Ai que medo do dia em que a Maria descobrir que a coreografia da Floribella que lhe ensinei é completamente aldrabada!!! Vou ser ostracizada por completo.
Os meus meninos crescem, bocadinho a bocadinho, todos os dias. Já refilam, cospem-se, mentem e o João até já arrota (mais vezes do que queriamos e em sitios que não convém muito) LoL
Enfim, os meus piolhos estão a tornar-se rebeldes.

quinta-feira, julho 27, 2006

Não entendo.


Confesso que ainda não entendi. E esforcei-me. A sério, ao contrário do alheameanto em relação ao mundo real que me caracteriza, ultimamente tenho tentado acompanhar as noticias para saber o que motiva uma guerra. Mas não entendo. Ou sou muito burra ou simplesmente não alcanço.
Sempre fui péssima no que diz respeito a politiquices, considero a politica uma hipocrisia em que imperam os jogos monetários e a busca do poder. No entanto reconheço que não se vive sem ela. Sempre fui má a geografia e a história e até hoje continuo sem entender qual é a verdadeira maka de Israel/Libano/Palestina/Faixa de Gaza/Irão/Iraque.
Sempre que tentei perceber as guerras prendi-me nas estórias das pessoas. Como hoje, que me prendi na história do condutor da ambulância da Cruz vermelha que foi atingida por um míssil israelita em Tiro no Líbano. E que voltou a conduzi-la assim que saiu do hospital. Mas fica a sensação de vulnerabilidade, e se já nem o apoio aos feridos é previligiado, que será deles? O Hezbollah, só hoje, lançou cerca de meia centena de rockets sobre várias cidades no Norte de Israel. E depois morrem israelitas, libaneses, palestinianos, ONUses. Não interessa quem tem culpa, morre toda a gente.
De que serve a guerra então? Se os maus não são castigados e os bons não ganham, para que serve esta guerra? Quem são os maus? Quem são os bons? Numa guerra há bons e maus?
Primeiro a guerra, depois o pós guerra imediato e depois o esforço de reconstrução, são passos que fazem parte da história do país mas que são vividos na pele do povo que sofre, que tem medo, que passa fome, que perde gente querida. Quem sofre são as crianças que nascem e crescem na guerra, no ódio e no medo. Que herdam um país e um continente debastado por lutas intermináveis e que vão ser responsáveis por perpetuar a guerra. Porque o que conhecem é guerra.
Já lá vão 16 dias de guerra. Em nome de quê? De terra? De um Deus? De dinheiro? De poder? Continuo sem entender. E acho que desisto de tentar.
P.S.: E no meio da guerra ainda há quem se case em bunkers... a esses gabo a coragem ;) - Lá 'tou eu a perder-me nas estórias das pessoas...

Férias d'Alma


É por estas e por outras que não posso sair da barraca. Onde vou, quero ficar. Este meu “vira-casaquismo” assusta-me LoL

É certo que Lisboa é uma cidade bonita mas ultimamente tem-se tornado, talvez só para mim, muito confusa, muito longe, muito barulhenta.
Então eu e a mommy agarrámos nas nossas bikuatas e fomos para Valencia. Com B. Balencia :)

Talvez tenha tudo a ver com o facto de terem sido só uns dias mas não vi ninguém a gritar com as criancinhas quando choram, não ouvi buzinadelas, sempre me deixaram passar na passadeira (e não tem necessariamente a ver com o facto de eu e a mommy sermos mulheres de parar o trânsito LoL), ouvi sempre um “holla” e um “hasta luego” das pessoas a quem perguntei ou pedi algo. Sim, salvo da señora surda-muda a quem pedi indicações sobre como chegar à praia. Só eu. O certo é que a boa vontade deve dizer mais que muitas palavras porque cheguei lá direitinho.

Eu na praia. Ohhh Dios mio!! Se calhar sou eu que saio pouco de casa mas nunca tinha visto tanta gente com tatuagens. Ainda bem que também tenho uma senão ainda me ia sentir desadequada LoL Assumi a minha nova identidade de peixinho e ia alternando a versão Nemo com a versão Lagarto. Ler. Aiiiiiiiiiiiiiii que bom. Ler. Passei horas esparramada na areia a ler. “Ya no sufro por amor”. De Lúcia Etxebarria, essa diva cheia de atitude. Eu ainda sofro, mas já entendo melhor porquê.

Tirei férias. Para a alma. Nada melhor para a alma do que um pôr-do-sol no L’hemisferic com chill out de fundo. Ou um choro flamenco. Ou umas tapas LoL

De volta a Lx carregadas de panelas e fashionzissimas com um saco do Carrefour a fazer de saco de mão, reparei que está tudo na mesma e pelos vistos ninguém sentiu a minha falta LoL.

Resultado: rendi-me a Valencia. A minha plaza preferida é a de la Virgen, o meu barzinho de eleição é o Eclectic no Palau de l’arts. O meu próximo cão vai chamar-se Chucho e a minha filha Arantxa... Pronto, e eu só não mudei o meu nome para Sarita Montiel porque não calhou :P