quarta-feira, outubro 25, 2006

Chuva (muito) dissolvente - Carta aberta

Obrigado.
Sei que não concordarás, mas na minha forma (que toca o esotérico, eu sei) de ser, dou por mim a acreditar em ciclos de 7/7... Sete anos de sorte, sete anos de azar? Silly me, sometimes... O nosso azar e a nossa sorte dependem da forma como encaramos o dia a dia. Claro que ao fechar portas e fechar corações estar-se-á sempre a permitir sete (ou mais) anos de azar. Mas manter portas, janelas e corações abertos não origina, invariavelmente, sete anos de sorte. O dificil é, por vezes, manter o coração aberto e a atenção focada em tantas coisas importantes simultaneamente. Ou tentar estabelecer prioridades. Depois surge aquela altura em que só apetece ganir. E que chove, chove e chove, por mais sol que faça lá fora.

Redescobri a enorme capacidade de adaptação ás circunstâncias que o ser humano tem. Agora entendo porque evoluimos. Enquanto há esperança não há muita tristeza. Mas descobri a grande dor da impotência (salvo seja). A dor de sentir que, aconteça o que acontecer, o que tiver de ser será. Sou fatalista. Imagino, sempre, os piores finais para todas as situações. Mas descobri agora que não fui talhada para ser conformista. É errado? Não me conformo com a impotência, com a pressão e com os erros que, no meio desta "inconformação" e pressão, cometemos. Acima de tudo descobri o medo de reviver na primeira pessoa aquilo que já algumas vezes assisti. Não quero um dos meus a sofrer. É legitimo? Ás vezes parece que viver não passa de uma guerra aberta entre as adversidades e a capacidade de lhes resistir. Redescobrimos prioridades, e isso surge muito claramente em algumas alturas. Crescemos, será?
Também sei que depois da chuva vem, invariavelmente, a primavera. Não necessariamente como a imaginámos. E é aí que surge a minha dúvida. Será que uma primavera qualquer chega? Será que basta que chegue a primavera? E os prados verdejantes, os pássaros multicolores que entoam maravilhosas melodias? Serão mesmo necessários? ... Ou será que chega meia dúzia de flores e um passarito magrelo e ranhoso cheio de boa vontade mas que mal saiba cantar?
Hoje acordei com esperança, algo que diz (e lá tou eu a sentir vozes... delirios esquizóides, será?) que não está tudo perdido. Agora ficava bonito eu assumir : Deus lá sabe, e o que tiver de ser será... Mas acredito que só conseguimos assumir algo tão sério quando temos a enorme capacidade de o aceitar. Ainda bem que acreditas em mim por mais "periclitante e á beira de um ataque" que eu esteja (tu adivinhas-me, meu amigo)... como diz a minha avó, isto é carne de cão e a "gente" não desiste, por mais que chova lá fora (e cá dentro). Porque há sempre algo em que acreditar.

2 comentários:

Anónimo disse...

Hum...esquizoide ou nao, eu em vez de apostar nos 7 anos de sorte ou azar cada vez mais acredito que ha de facto pessoas mais abonadas do que outras no que à sorte diz respeito. E uma coisa engracada é que nao parece haver uma especie de "lei de compensacao": azar atrai mais azar e sorte parece atrair mais sorte. Ou seja, um pequeno descuido uma escolha errada de encruzilhada na vida e la se vao 6 anos (?) a pagar a ma escolha :(
Essa é uma das minhas teorias...
A outra é que ao contrario do que me diziam quando era pequenina (Malandros! Mentir a uma crianca!) as boas accoes nao sao nada recompensadas. Gracas a Deus tambem nao sao castigadas (ainda nao chegamos a tanto!). Os que nao as praticam por seu turno tambem nao sao castigados e claro dedicam mais tempo a si proprios e portanto de certa forma...saem recompensados.
Como dizia um imigrante Ucraniano ao meu pai no outro dia: E Deus vê isto? (Achei esta frase magnifica!).
Os que praticam as boas accoes (por ser mais forte do que eles) tem como recompensa aquele quentinho no coracao que fica com as pequenas coisas: um sorriso a uma velhinha seguido da historia da sua vida enquanto se espera o autocarro, o caracol que se ajudou a atravessar uma rua via transporte acelerado e seguro na palma da mao, o caminho ensinado a estrangeiros perdidos, o golo marcado na Madragoa a brincar com as criancas na rua...

So nao percebo uma coisa: como e que fiquei tao amarga que agora as "pequenas alegrias da vida"...ja nao me chegam?
Se calhar é por isso que ainda não tenho filhos: o que lhes ensinaria?
"olhem que as boas accoes nunca sao recompensadas!!!"
hum......

Shara disse...

Anónima, antes de mais obrigado pelo teu comment.

Concordo compçeltamente cntg, as boas acções não saõ sempre recompensadas e quando é hora de azar, é hora de azar mesmo e ponto final.

É exactamente por isso que tambem não tenho filhos (não, o facto de ainda não ter encontrado um pai á altura não conta nada LoL). Olha eu virar-me para a Angélica (a minha futura filha) nestes termos: "oh querida tens é de ser uma sacaninha, sabes? uma cabra insensivel consegue sempre tudo o q quer... o que? a outra n quer brincar cntg? Morde-lhe! Não te querem emprestar o cromo do Bolicao? Rouba-o! O prof não te dá a nota que precisas para entrar na faculdade só pq embirrou cntg? Anda com ele!"... Não podia ser LoL

Beijinhuz