sexta-feira, maio 16, 2008

Festinha...

- Ena ena, 7 aninhos... já sei que vai haver festa... o meu convite?
- Não tenho. Tu não vais.
Anda uma pessoa a "criar" um afilhado com todo o amor e carinho para depois ouvir destas coisas...
- Ai não? Então não pegas mais no cão.
- Tipo... nunca mais?
- Ya, tipo nunca mais...
- Pronto, eu faço-te um convite.
Et voila... a arte de negociar. Cada um usa as armas que tem...

terça-feira, maio 13, 2008

Coragem

Fala-se de coragem. Não te conhecesse eu tão bem e achava que a coragem é, como tantas coisas que julgamos nossas, um dado adquirido. Não é, agora sei-o. Não se nasce com coragem, nasce-se com a capacidade de a adquirir ou não.
Ensinaste-me, desafiaste-me a ganhá-la. E eu, qual cachorrro obediente, parti à procura dessa coragem de me respeitar a mim mesma.

Porque é preciso coragem para gostarmos de nós mais do que do outro, é preciso coragem para lhe arrancar aos pouquinhos o coração que fizemos questão de deixar com ele, é preciso coragem para não abdicar de nós novamente. É preciso ter coragem para ser corajoso, para manter a coragem e, acima de tudo, para viver com essa coragem de ter coragem.
E não. Não me digas que estou em recusa de entrega. Sabes bem que, lambidas as feridas, nos voltamos todos (mais ou menos) a entregar. É preciso é ter coragem para freiar a entrega, tal como para a fazer totalmente. Porque é tão mais fácil entregarmo-nos, sabe tão melhor, mas é tão pouco corajoso.
Eu fui. E voltei, ferida mas cheia de coragem, como um cachorro que abana o rabito enquanto exibe um osso. Bateste palmas e voltaste a atirar o osso da coragem para uma nova busca. E eu fui, inicialmente contrariada mas obediente, orgulhosa da minha coragem.
Voltei e fiquei.
E agora, corajosa que me senti, também me dói.

Acabei por não saber que coragem escolha, qualquer uma delas me parece dolorosa.

quarta-feira, maio 07, 2008

"Caçumbularam" o fio do 50

O 50 Cent foi assaltado, em palco, em frente a 7 mil e tal pessoas. Em Luanda.
Eu sou da paz, vocês sabem... Não apoio assaltos, manifestações de violência ou agressão. Não acho bem que alguém roube alguém.
Mas não tenho pena.
É verdade que a imagem que passa é que Angola é tão, mas tão violento que até o icon do hip hop é assaltado em público. É chato que passe essa imagem. Principalmente no "Festival da Paz".
Mas isso já nós sabemos. É perigoso viver lá. Há assaltos diariamente.
Por n motivos. E porque é um país em que a maioria da população vive abaixo do limiar de pobreza enquanto uma minoria (gorda, limpa, luxuosamente vestida e ornamentada) se pavoneia (em carros, barcos, motas e jatinhos ultimo modelo), impávida e serena. Porque isso cria revolta.
E quem não tem comida rouba, quem não tem trabalho rouba, quem não tem casa rouba, quem não tem medicamentos rouba. Quem não tem familia, nem esperança, nem educação, nem nada, rouba. E quem não tem nada a perder, também rouba.
Ainda assim os mais assaltados e os mais agredidos continuam a ser os mais pobres.
E é por isso que eu não tenho pena do 50 Cent.
Por isso e porque um gajo que se considera icon do hip hop devia conhecer a filosofia do hip hop e devia lembrar-se melhor de onde vem. Devia lembrar-se que a musica é uma forma de revolução contra a injustiça social e não apenas um grupo de "platinodiamantados" e um bando de bundinhas giras num videoclip.
E pronto, devia lembrar-se que hip hop não inclui acenar com fios de 600 mil euros. Que fios de platina e diamantes, (de sangue?), num rico país "de pobres", podem parecer sooooooooo seductives que valham a pena ser "caçumbulados".