quinta-feira, março 16, 2006

I wish i was a gym-aholic

Alguém me explica porque é que eu não gosto de ir ao ginásio?
Não é que não goste de ir ao ginásio, eu acho que detesto ir ao ginásio... Senão, porque outro motivo é que preferia estudar clinica geral em vez de ir ao ginásio??? Atenção... não é pediatria, nem psiquiatria, nem sequer coisas interessantes de clinica geral... Eu preferi ficar a estudar o conceito de familia de Duvall do que ir ao ginásio!
Ás 2ºas e 4as ainda vou de ânimo leve... a aula de abdominais põe-me sempre a sonhar com o dia em que vou ter uma barriguinha como a jlo ou como aquela outra lindissima das pussy cat dolls ;) e pronto, a aulinha de hip hop das oito compensa o sacrificio de andar a pedalar pra chegar a sitio nenhum ou a fazer agachamentos pra apanhar coisa nenhuma.
Mas nos outros dias, é um suplicio... Sou a vergonha de qualquer personal trainer... Nos poucos dias que ponho os pés na parte da musculação, aldrabo os exercicios todos pra ser mais fácil.
No entanto, gosto da paisagem do gym. O "pessoal dos ferros" que passa a vida colado ao espelho a fazer poses estranhissimas... as meninas que se vestem de nike dos pés á cabeça e ficam duas horas a fazer alongamentos... enfim...
Mas eu, o que eu gosto mesmo é de hip hop. Como o hip hop sozinho não me vai fazer ficar com uns abdominais de videoclip, amanhã lá estou eu de novo.
Agora estou a investir na manutenção da minha forma fisica. Faço minha a máxima "mens sana in corpore sano"... (Embora, aqui entre nós, ache que mesmo com o pouco exercicio que faço seja muito mais fácil ter um corpo são ... em relação a uma mente sã já perdi as esperanças...).
Tomei essa decisão no dia em que fui á hidroginástica com a minha mãe e vi senhoras de 70 anos com tanta resistência quanto eu!! Cheguei á conclusão que estou acabadissima e passei 4 horas no ginásio no dia seguinte.
A única coisa que lucrei com isso foi uma dor enorme no pescoço e um comentário do monitor tipo "ahhh vem ai o verão, tens de te apressar"... Que querido...
Só não lhe respondi torto porque estava sem fôlego :)

quarta-feira, março 08, 2006

Mulher

Não troco!
Ser mulher é uma honra e uma benção. Não para todas as mulheres e não enquanto continuarmos a viver num mundo feito por homens e para homens. Num mundo em que o seu corpo é desrespeitado e a mente violada. Num mundo em que se amam homens e criam filhos para depois irem morrer numa guerra qualquer. Num mundo em que, como me disseram, não se pode ser boa mulher, boa mãe, boa profissional e boa amante. Ou se é uma coisa ou outra.
Felizmente cresci numa familia em que o papel das mulheres é crucial. Cresci sob a influência e o olhar atento de grandes mulheres, a minha mãe, avó e tia. Protegida da dor e das desilusões que os homens nos causam. Quando cresci e tive de senti-las, perdi muitas vezes a fé no homem e nesse mundo em que eles vivem e querem que eu viva. O que me safa sempre é a minha avó, que com a sabedoria dos seus 76 anos me aconselha sempre a nunca deixar de acreditar.
Não quero generalizar e dizer que todos os homens são maus, feios e porcos. Conheci um ou outro excepcionalmente bom, carinhoso, amigo e sensivel. Alguns mais sensiveis que eu, até! Mas o que constatei foi que nesses homens que entendem melhor o que sentimos, também existiu sempre uma figura feminina que exerceu um papel importante. E é isso que os faz diferentes. Respeitar e amar primeiro a mãe, as irmãs, as amigas, a mulher que escolhem para viver e as filhas que terão.
O que me assusta é que neste mundo em que a mãe trabalha tanto como o pai e tende a estar tão ausente quanto ele, a figura da mãe a tempo inteiro desvanece-se. E numa sociedade em que a mulher é "respeitada" não pelo seu todo "corpo-mente-emoção" mas pelo "peito-rabo-futilidade" torna-se dificil querer ser respeitada. E ai acho que a culpa é toda nossa, das mulheres, porque na realidade tambem damos muita importancia a coisas pouco importantes.
Quanto a mim exerço a minha psicologia nos meus primos pequenos. Abdico do "uma boneca prá Maria e uma pistola para o João" e ofereço a um caderno e lápis de cor a cada um.
Para pintarem o mundo em que eu queria que eles vivessem, onde os homens não são mais que as mulheres nem as mulheres mais que os homens. Um mundo em que cada um deve ser amado e respeitado pelas suas caracteristicas e tem os mesmo direitos dentro das suas diferenças.

sexta-feira, março 03, 2006

Serpa

Serpa.
Supostamente durante duas semanas, para perfazer duas das quatro que compõem o estágio de Medicina Geral e Familiar. Mas entretanto pôs-se o Carnaval e só viemos na 4ª feira.
5 da manhã. Arghhhhhhh. A sorte foi que ja tinha tudo preparado de véspera e a minha única preocupação foi pôr o edreddon dentro dum saco daqueles azuis, do lixo, enormes.
"Oh Shara, não há espaço! Vais a viagem toda c o edreddon em cima de ti."
"Se o edreddon não for, eu também não vou!!"
As minhas colegas já deviam estar a esfregar as mãos de alegria, a pensar que se tinham livrado de mim. Mas não... entrei eu e o edreddon no carro.
Temos pena... Mas convém não esquecer que vim de Àfrica e não me dou bem com o frio.
No final, bem feitas as contas, fui a que trouxe o saco mais mais pequeno. Acho que me vai faltar roupa para os últimos dias. Mas fui motivo de orgulho, tendo em conta os meus antecedentes... Convém frisar que abandonei toda a minha make up, secador do cabelo, saltos altos e etc, em Lisboa. Afinal de contas vim para trabalhar e tou num centro de saúde no meio do alentejo. Who cares se a minha pele está com a tonalidade perfeita? Ou se o meu cabelo está com um estilo completamente alternativo que só cede a ganchos e elásticos, a MUITOS ganchos e elásticos.

O importante é estar cá. É uma experiência completamente nova, esta de lidar com o doente de uma forma geral, como a medicina familiar exige. Conhecer-se não só o doente, mas ser-se também médico/a dos seus pais, dos filhos, do marido... É a relação médico-doente no seu verdadeiro sentido.

Confesso que achava que a clinica geral fosse chata.


Mas, tendo em conta que a maioria dos doentes são idosos e com pluripatologia o desafio de estabelecer a medicação eficaz, barata e não prejudicial, põe-se constantemente. Definir e sugerir medidas gerais de vida saudável (e esperar que o doente as vá cumprir) deve ser uma das melhores caracteristicas do médico de familia que, para além de ser médico, também é amigo, psicólogo... É o que é isso, senão "ser médico"? Ok, não vou chatear-vos com a conversa do "ver o doente como um todo" mas que faz sentido, faz!

Tou a ficar sem tempo no cyber... Depois volto com cenas dos próximos capitulos ;) Ou não... entre Centro de Saúde, S.A.P, Bohemias com os amigos da Rita cá de Serpa e migas com entrecosto na "Lebrinha" não sobra muito tempo para internet...