quarta-feira, novembro 29, 2006

MacGyverA

A culpa foi daquele papel no elevador. A dizer que tinham assaltado dois apartamentos aqui no prédio.
Casa roubada, trancas na porta. E eu, (uma pessoa cuja infância foi alternada entre os episódios do MacGyver, filmes indianos e os livrinhos da Mônica), bolei um plano infalivel para evitar qualquer hipótese de um ladrão entrar cá em casa. Entre outras medidas implacáveis, decidi que quando saia de casa ia deixar todas as portas trancadas. Sala, cozinha, quartos... Assim se o bandido entrasse, ficava só no hall. Brilhante, não? Sim. Ás vezes nem eu própria entendo as minhas ideias... Funcionou bem até hoje, quando percebi que tinha perdido as chaves da sala. É o tipo de coisas que acontecem quando alio o meu QI extremamente elevado no que diz respeito a ideias parvas ao meu sindrome de distracção congénita. Revirei a casa toda... Todinha. E, após três horas de despespero, encontrei-as.
Lá estavam elas... no saco do ginásio. Juntamente com as chinelas. Claro, porque o lugar das chaves da sala é no saco do ginásio. Com as chinelas.
Os ladrões, se quiserem que venham. Eu desisto de me armar em MacGyverA. Se fores giro e simpático, senhor ladrão, aparece.

... ao vento

... "Mas quem diria que este amor acabaria num duelo? A lança caiu bem no centro do coração e o vencedor exibe a arma, triunfante. Mwando. A sua voz vibrava de emoção, conseguiu remover um impecilho e estava livre para prosseguir o seu destino. Não teria ele a sua razão? Cada um de nós segue o seu destino, aquele que há muito foi traçado na palma da sua mão.
Regressei á tranquilidade da floresta e a canção da natureza perdia-se no eco dos meus suspiros. Cantei a melodia dos desesperados sobre as cinzas e os escombros dos meus sonhos.
- Sarnau, sinto muito, eu amo-te, eu...
Não deixei acabar a frase e parti disparada como o vento para o infinito."
in "Balada de Amor ao Vento", Paulina Chiziane

terça-feira, novembro 28, 2006

Da janela

Estudo no hospital. É, nestes dias, a única forma de sentir que todo este esforço talvez valha a pena. Estar no hospital é recordar que há algo mais importante que o cansaço, que as noites mal dormidas, que as dores de cabeça que só cedem a 4 gr diárias de paracetamol, que a vontade de chorar e fugir e gritar. Estar no hospital é sentir que há mais do que eu.
Da "minha" janela vejo o verde e os aviões que levantam vôo e com os quais me apetece sempre ir. Da janela "dela", a senhora que está internada na pneumologia, vê a minha. Eu também a vejo, triste, com o robe azul turquesa. Volta e meia trocamos olhares. Quando levanto a cabeça dos livros ela continua, lá. De longe, trocamos. Ela as preocupações dela, eu as minhas. Não sei se ela entende a minha "luta" mas eu, de longe, consigo adivinhar a dela.
Passámos a tarde, de uma janela para a outra, assim. Eu a zelar por ela, ela (quem sabe?) a zelar por mim.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Criatividade Angolana.

Na minha terra... é assim. Dança-se de barriga vazia. Ser angolano é mesmo isso, ir sendo feliz como se pode. Não sei se ria, se chore.

domingo, novembro 26, 2006

Ando...


... muito caladinha, eu sei...

Adicionei o blog de um amigo, que conheci hoje. O blog, claro. O amigo já conheço há algum tempo... Eu ja sabia que ele gostava de fotografia. Descobri hoje que ele não faz só fotos, faz arte.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Ouve...

Ouve querido,
não tens de ficar.
Se não é aqui que pertences.
Se essa dor de sentir diferente
te sufoca e te prende, empurra e se entranha nos teus pensamentos.
A dor que é essa, a dor que deixei para trás quando decidi ganhar-te, porque,
por perder-te tanto,
achei
que perder-te já não doía.
Mas se, ganhando-te,
eu e o mundo
te fazemos perder em exigências, em responsabilidades e em prazos, em medos...
ouve,
(ainda que morrendo para que fiques)
não tens de ficar.
Foge,
se é a fuga que te prende. Eu fugia.


P.S.:Mas isso sou eu, que quando foste (tanto) embora fizeste perder o medo do doer de perder e de fugir.

terça-feira, novembro 21, 2006

Viatura pródiga à garagem torna

Com menos barulho mas já a ameaçar (para breve) uma troca do motor de arranque (o que me fez logo ouvir um "todas as mulheres estragam o motor de arranque"... eu não sou todas, mas poupei a dissertação porque ir ao stand foi a única coisa boa do dia hoje), o meu carro voltou.
E se há carro pródigo, é o meu. Que me acompanha diariamente há tantos anos... Que já me viu rir, chorar, gritar... que conhece todos os meus recantos preferidos e sabe quais são os melhores sitios para ver o sol a nascer, o sol a pôr-se, a lua... Que me levou e trouxe tantas vezes. Aiii, se o meu carro falasse...
O vizinho de baixo, ao ver-me olhar babada para o meu carro amolgado, com o pára-choques meio a cair, que faz barulho por todos os lados, chia, guinha, trava mal, não tranca... (e sabendo que ignoro completamente os outros modelos muiiiiiiiito acima... pffff o que é um X3 ao lado do meu carro? ou um SLK?) ... disse-me:
- "A menina gosta muito do seu carro, não é? Mesmo já não sendo recente..."
E eu, a acenar a cabeça (um bocadinho melindrada por ele dizer que o meu carro é antigo):
- "Hmm hmmm".
Ao que ele me responde:
- "A menina vai ser uma boa mãe, uma mãe galinha. A maior parte das pessoas só gosta dos filhos quando eles são novinhos".
- "... "
Pois, fiquei mesmo sem palavras. O meu vizinho é muito á frente :)
(Não entendi muito bem a relação mas espero que ele não queira dizer com estas palavras que até acha que eu vou amar muito os meus filhos mas que vou andar sempre com eles todos sujos, na reserva, cheios de nódoas negras, com a roupa rota, a chiarem e a guincharem por todos os lados...)

Ontem dizia eu "aqui a 2 horas tou com um bronze de meter inveja a quelquer caribbean girl".

Ou não...

12 horas depois, embora se note um ligeiro brilho... continuo pálida! :)

segunda-feira, novembro 20, 2006

How to fake a summer tan

Ele há perguntas muito estranhas…Porque é que uma pessoa põe autobronzeador??

(Duhhhh!!)

Porque quando uma pessoa é branquinha, e ainda que seja linda assim, (qual baunilha ou chantilly ou seja lá o que for… leite condensado nhaammmm) no Inverno fica sempre transparente. E quando uma pessoa ouve três vezes no mesmo dia “'tás tão branquinha”, percebe que esta cor não nos fica assim muito bem. É que eu nem estou branca, estou (como diria a minha mãe) amarela!
Juntando isso ás olheiras que ando a passear… Voilá!! Eis a razão pela qual me aventurei no autobronze, munida com o guia “How to fake a summer tan in 5 steps”. Eu preferia sol verdadeiro mas aqui o sol não abunda e mesmo quando abundou, mal pus a bunda na praia à pala do desgraçado do Harrison. Quem não tem cão, caça com gato. Solário é que não. Tudo menos solário. Antes branquinha mas com pele. E pronto, como sou fácil de contentar, a minha felicidade hoje resume-se àquele frasquinho laranja. Não sobram muitas alternativas a quem nasceu com cor de lua.

Mais duas horas e estou com uma cor de fazer inveja a qualquer caribbean girl.

sábado, novembro 18, 2006

Trimmmm Trimmmm!!!

Já devia ter aprendido a não atender números que não conheço...

- Bom dia!!!
- Tou?
- Olá!
- Olá...
(aqui ja comecei a desconfiar... n reconheci a voz)...
- Tás boa, Shara?
- Ya, tou.
- Não me perguntas se eu também estou bom?
- Não. Nem sequer sei quem és.
(e deves estar bom deves, pelo menos deves estar cheio de tempo, para ligares para mim a estas horas e estar nesta conversa... e cheio de saldo também, a ligar de 91...)
- E não queres adivinhar?
- Não.
(era só o que me faltava...)
- Sou o homem da tua vida!
(dito com a emoção com que ele disse até a mim me pareceu que tenho vida própria... e um homem na minha vida própria...)
- Mau, agora é que não sei mesmo quem és.
- Vou dar-te pistas...
- Experimenta dizeres o teu nome. Era uma boa pista, não?
- Não, assim não tem graça.
(mas era suposto isto ter graça?)
- Aiiiiii.
- Já não falas comigo há um ano e tal.
- ... (atitude inteligente, pelos vistos...)
- Sou um rapaz muito giro e simpático.
- ... (convencido, nada!)
- Conheceste-me quando trabalhavas na loja.
- Conheci o mundo inteiro quando trabalhei na loja...
- Sou do benfica.
(ai isto não me está a acontecer... não está não!)
- Mas oh coiso, não sei quem és, não faço a minima ideia, e não vou ficar aqui a adivinhar. Vou é desligar, sim?
- Pronto... sou o "fulano". Fogo continuas com o mesmo mau feitio.
(e tu, que ligas ás 7 da manhã com este tipo de conversa... vê-se que continuas com o mesmo sentido de oportunidade)
- Ah, Oi! Então tás bom?
- Sim tou. E tu?
- Ya. Com sono.
(mas porque é que tamos a repetir tudo de novo?)
- Liguei para te convidar para um café, tenho montes de novidades para te contar.
(café? novidades? ele liga para uma pessoa que mal conhece, com a qual não fala há mais de um ano, ás sete da manhã de sábado, a dizer que é o homem da vida dela e a convidar para tomar um café e contar novidades... sinceramente... ele droga-se, só pode!)
- Ah pois, mas olha... não sei se vai dar, ando ocupada e tal.
- Tão ocupada que não tens tempo para o homem da tua vida?
(oh, eu não mereço isto, não mereço! ... Desisti de lhe tentar explicar qual é a minha opinião sobre os candidatos a "homem da vida" das pessoas)
- Sim, ocupada a esse ponto.
- Ah então olha... eu ligo para a proxima semana, para combinar de novo.
- Tá. Fica bem, beijos. Tenta ligar depois das oito.
Não é ser arrogante mas... Lembrem-me de não atender números de telefone que não conheço... Principalmente se forem sete da manhã de sábado, e eu me tiver deitado ás 3.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Tenho uma lágrima no canto do oooolho

Já diria o Bonga, "tenho uma lágrima no canto do olhoooo"... Não se riam, também vos vi a vocês (meninos Sebastiões, egófonos e outros que tais :P), a limpar a lagrimita. Não sei bem porquê, mas acredito que de saudade. Saudade do que já não volta.
Saudade do primeiro dia em que entrei na faculdade, saudade do primeiro sermão do estilo "se quer usar bata branca basta trabalhar num talho", saudade de sair ás 8 e meia de sexta feira em pleno inverno e descer o elevador de Sta Justa (ainda hj não sei se é esse o nome, nem porque é que sempre o chamei assim... acho que o de Sta Justa é o do outro lado, mas pronto...) com o Rui e a Yala, a sonhar com Dezembro em Luanda. Saudade de chorar antes dos exames. E depois dos exames também, porque eu sempre fui assim, chorona. Saudades dos corredores e do anfiteatro frio de anatomia, da emoção de ir ao Chiado de propósito para comprar um bisturi. Saudade da menina que entrou de baggy jeans, casaco xl, mochila e botas timber... que cresceu algures naquela faculdade. E que sai hoje de fato (com um decote monstro, mal calculado isso LoL), com os neurónios hipertrofiados de seis anos e meio de estudo e com um papel na mão. Saudade da minha primeira bata, feita no 1º ano, pela minha avó. A mesma avó que me acompanhou hoje no dia de entrega do meu diploma.
E ao contrário do que diz o meu amigo Tinhoso (agora sim, entendo porque é que te pusémos esse nome), não é só por mania. O diploma para mim tem muita utilidade. É a única forma de provar que sou mesmo médica, senão ninguém acredita :P

Todos diferentes, todos iguais.

- O papá faz xixi de pé. A mamã faz xixi sentada. O mano ás vezes faz de pé, outras vezes faz sentado. Não é?
- Sim ratinho, é... não fujas para eu te poder pentear...
- Mas não faz mal. Ninguém 'tá errado porque fazemos todos na sanita, né?
- Ahahahahahaahaahhahhaha. É, Maria, é.

No outro dia também me disse que "os meninos castanhos são iguaizinhos (e reforçou o "iguaizinhos") aos meninos brancos porque por dentro temos todos a mesma cor".

Todos diferentes, todos iguais. A minha pequena Maria está a descobrir, á maneira dela, os principios básicos da tolerância e igualdade. Que bom!

segunda-feira, novembro 13, 2006

O meu eu pediatra VS. as vagas de clinica geral

Eles têm vindo a aumentá-las... Mas agora, que chegou a vez do mexilhão (aquele que se lixa sempre, sabem?)... 25% das vagas do internato médico 2007 são para a especialidade de clinica geral e medicina familiar. Assim determinou o sr. ministro. Entendo que haja falta de clinicos gerais e não tenho nada contra ser clinica geral... O meu eu altruísta entende isso tudo mas (posso ser egoista e por as politicas do ministério da saúde de parte?) dou por mim a pensar...
Se uma pessoa não for um espirito (mesmo, mesmo muito) iluminado, como é que faz para ser pediatra?
P.s.: Depois venham-me falar de fuga de cérebros, venham... Quando este cérebro e respectivo cerebelo, ambos iluminadissimos (mas não "mesmo muito iluminados", que sempre pensaram que ser pediatra era bem mais do que saber de cor o Harrison's Principles of Internal Medicine), derem de fuga para uma missão perdida no mundo... aí é que o sr. ministro vai ver o que perdeu :P ... E não diga que eu não avisei!

sábado, novembro 11, 2006

Multiple choice

Indentifiquei as consequências práticas de estar, há dez meses, a estudar para um exame de escolha múltipla. Actualmente a minha vida é decidida, inconscientemente, por escolha múltipla.
Funciona mais ou menos assim...
A sua casa está um caos. Escolha, das seguintes, qual a alinea que lhe parece mais correcta.
  1. Dar de fuga. Aninha-se na casa de alguém até desarrumar essa casa e assim consecutivamente, passando pela casa de todos os seus amigos e familia.
  2. Alheia-se. Finge que o chão não está cheio de cotão, que os móveis não estão cheios de pó, que não tem uma pilha de loiça para lavar e que a roupa que está suja nem sequer faz falta.
  3. Contrata alguém para lhe limpar a casa, sendo que essa pessoa será paga com a sua mesada.
  4. Mete mãos á obra e passa a manhã inteira a aspirar, lavar, limpar pó, lavar roupa, engomar e etc. E ainda faz um bolo de chocolate no final.
  5. Passa os olhos pelo capitulo de pneumologia, para avaliar o risco de, com tanto ácaro, ter uma crise de asma e ganha coragem para a alinea 4.
( 5 + 4 ... tinha mesmo de ser ... ponderei todas menos a 3 ... da minha mesada??!!?? eu hein... )
Escolha a afirmação correcta. O frigorifico está vazio. Vai ás compras e traz:
  1. Coca-cola. Só.
  2. Não vai ás compras. Vai ao McDonalds e adia o assunto por um dia.
  3. Alface, queijo para salada, tomate e pão.
  4. Alinea 3 + produtos de limpeza para limpar a casa que está um caos.
  5. Nada, porque entretanto encontrou uma amiga e olhe... esqueceu-se!
( 4 ... ou talvez 2... provavelmente a 2 LoL )
Não sabe o que vestir. Das seguintes escolha a falsa:
  1. Veste tudo o que tem no armário e acaba por sair de casa com a mesma roupa de sempre.
  2. Escolhe uma roupa e sai rápido de casa para não se atrasar.
  3. Não vai a lado nenhum porque acordou naqueles dias em que nada fica bem e quando é assim, mais vale ficar em casa do que andar na rua a "fazer feio".
  4. Desiste do seu armário e vai atacar o armário da mãe.
  5. Desiste do armário da mãe e volta para o seu, escolhe uma roupa e sai de casa, duas horas depois do tempo previsto.
( definitivamente a falsa é a 2! )
O seu telefone recebe uma mensagem, mesmo na altura em que você está no auge da concentração. Ao ver o remetente você já sabe que não pode ser boa coisa. Você:
  1. Fica com vontade de atirar o telemóvel pela janela (mas não atira!).
  2. Responde á mensagem com um rol de asneiras e resolve o problema de uma vez por todas.
  3. Lê a mensagem, sorri, diz baixinho "epá, mata-te!" e... não responde.
  4. Não lê a mensagem, apagando-a.
  5. Depois de responder á mensagem com um rol de asneiras, volta a repetir o rol de asneiras como forma de profilaxia para eventuais mensagens de conteúdo semelhante.
( ainda tenho algumas duvidas aqui... mas é a 5 )

A única diferença aqui é que o jurí sou eu, e as soluções também são dadas por mim. O que quer dizer que posso fazer algumas alteraçõezinhas.

Pelo menos nesta escolha multipla eu tenho boa nota! :P

quarta-feira, novembro 08, 2006

Jovem com asas

Hoje é o dia em que acredito no verdadeiro poder da desilusão. Investe uma, duas ou três. Bate com a cabeça, com o corpo todo, leva com os pés. A desilusão introduz o conceito de frustração, o sentimento de que, por mais que se queira, as coisas não são como se quer... Porque há um mundo á volta que limita, frustra, magoa.
(e ainda bem, olha eu sozinha no mundo... quem é que ia ler estes posts?!?)
A galinha dá-se com porcos porque tem asas que são a brincar. Algumas pessoas também se dão com porcos porque não tem asas. Ou porque as asas que têm estão cortadas. Porque já voaram muito alto e cairam de muito alto. As asas foram cortadas por desilusões e frustrações, que tiram a coragem de investir mais, de voar mais alto.
A diferença é que as asas das galinhas, apesar de verdadeiras são a brincar, e as das pessoas, apesar de serem só a brincar permitem voar. A desilusão tem esse poder, de fazer voar de uma forma natural. Não de uma forma forçada em que, com mágoa, se bloqueiam, apagam ou desprendem todas as amarras que prendem a um galinheiro inóspito. A desilusão ajuda a voar de uma forma desprendida. Porque o que já desiludiu tanto, aos poucos vai perdendo a capacidade de desiludir. E ao desiludirem-se, os "não-galinhas" entendem que aquele não é o galinheiro ao qual pertencem. E que está na hora de voar. E deixar os porcos a chapinhar, felizes, na lama deles. Ambigua, a desilusão.
E é por isso que não somos galinhas. Porque temos sempre a possibilidade de voar, quando nos desiludimos. E isso, parecendo que não... facilita!

segunda-feira, novembro 06, 2006

O luar da subida do hotel Trópico

Uma sms:
"Aquela lua cheia que vos mostrava quando eram pequenos está aqui em cima, linda como sempre. Tudo muda, menos a lua..."
... ainda bem que, apesar de tudo, há coisas que nunca mudam.

Descansem em Paz

Foi com um misto de tristeza e revolta que ouvi hoje a noticia do assalto à missão em Tete, (Moçambique) em que foram mortas duas pessoas, um padre e uma missionária, ficando feridas outras duas.
Nas minhas lides pseudo-cooperacionais (e digo pseudo porque ultimamente a minha atitude pró-cooperacionista está muito áquem do que eu desejaria) tive a oportunidade de conhecer melhor o trabalho dos Leigos para o Desenvolvimento, já que fazem parte de um grupo de ONGDs à qual também pertencem os Médicos do Mundo e a ASP - Saúde em Português.
Que todo o médico tenha o dever de ajudar (e o direito de escolher onde o quer fazer) e que por isso parta em missão, parece-me natural e intrinseco, apesar de não deixar de ser um acto que encerra boa fé e muito espirito de sacrificio. Mas para além do apoio médico, existem muitas mais pessoas, movidas por generosidade, por fé, por Deus, por seja lá o que for, que encerram em si bondade suficiente para partirem em missão. Para tratar o corpo, a alma, seja o que for... para assegurar um bocadinho mais de justiça e menos de dificuldade.
Conheci algumas pessoas assim em Moçambique e algumas por cá. O Professor JLB (que despertou em mim este bichinho e para o qual me sinto uma desilusão completa), a irmã Antónia, uma outra irmã da qual não me lembro o nome mas que consigo descrever em pormenor as feições e trejeitos dos olhos quando me falava do que faltava fazer por aquelas pessoas. Conheci inlcusivamente uma Idalina, como a missionária que faleceu. Pessoas que partem para fazer um bocadinho mais pelos outros. Pessoas que, no terreno, fazem concerteza a diferença. Não digo que seja um acto (completamente) desprovido de egoismo, já que é também o quentinho no coração de saber que se fez bem, que mantém vivo o bichinho de voltar. Mas há certamente muito mais de bondade, de responsabilidade e de humanidade nesse gesto.
Nesse gesto de partir sabendo que se pode morrer longe de casa, vitima de violência brutal, enquanto se faz algo que raramente é reconhecido e do qual não se espera reconhecimento, algo pelo qual não se ganha mais do que uma sensação boa.
Descansem em Paz.

domingo, novembro 05, 2006

Deixa...

O cansaço, a frustração, a tristeza, o aperto na garganta, a raiva, o despeito, o medo...
Passa tudo quando a pequena Maria olha para mim com aqueles olhos enormes, agarra no livro de colorir do Noddy e nos lápis de côr e me diz, antes de eu ir embora:
- "Deixa-me ir para tua casa ficar contigo. Eu também estudo."

sábado, novembro 04, 2006

Duvidas Existenciais I

Porque é que uma mulher pinta as unhas de vermelho agora...
... e no minuto seguinte já se sente mais sexy ?

quinta-feira, novembro 02, 2006

Pronto... agora vai piorar mais ainda LoL

Enquanto tento estudar aparece, volta e meia, a minha mãe. Azafamadissima. A fazer a mala para ir ver o seu santo filho. Para o qual leva uns figos nos quais nem me deixou tocar. Fique aqui registado oficialmente neste blog quem é o filho e quem é a enteada :P (aiiiii manooo, que sortezinha ham?!?).

Para alguém como eu, que faz sempre a mala na véspera da viagem, aliás, três horas antes da abertura do check in, isto é inédito. Reconheço que o meu método não é o ideal, fica sempre metade da roupa na origem (seja ela qual for a origem), as poucas coisas que me lembro de pôr na mala nunca são aquelas que, chegada ao destino, queria que fossem. Já sem falar no ferro de engomar que ficou ligado um mês inteirinho... se ficasse fora de casa três anos, ficava ligado três anos :) Ups, ainda bem que foi na era "pré-aumento de 16% na conta da luz".

Neste "faz-não faz mala" descobrimos um bubu vermelho com diversos motivos tropicais (medonho!), uns vestidos dignos de videoclip dos anos 80 e ... uns óculos D&G, redondos, com padrão de zebra!! (Quem é que compra uns D&G padrão zebra??) Prefiro acreditar que a minha mãe nunca usou aquela coisa...

A mami vai embora e com ela leva:

  1. Metade da minha roupa... A metade que não vai é porque eu escondi ou porque fiz chantagem psicológica do género "e depois? eu ando nua é?" e ela "mas onde é que tu vais com um top sem costas em pleno inverno?", e eu: "sair á noite", e ela: "tu não sais á noite"... Pronto, leva ela o top.
  2. O grito de guerra: "Shaaaaaaaaaaaaaaaaraaaaaaaaa, já começou o Foguinho!"
  3. Aquela sensaçãozinha de acordar ao sábado de manhã com chill out de fundo (que vai alternando com RDPÁfrica LoL).
  4. A última esperança de que o meu bonsai sobreviva, bem como as plantas todas da casa, que por mais que eu regue, secam sempre.
  5. Os óculos de zebra (?) ... ai que medo!
  6. A hipótese de chegar a casa, ter a luz acesa e alguém á minha espera.
  7. As conversas de mulher para mulher nas viagens compridas.
  8. A pessoa com quem mais refilo, e que mais refila comigo. E a pessoa com quem mais falo.
  9. A necessidade de esconder e engolir lágrimas para não preocupar ninguém; agora posso chorar á vontade mas não sei se é isso que quero.
  10. A mulher que mais admiro, que dá luta e que nunca baixa os braços.
  11. Um bocado (grande) de mim.
    Quatro quintos da minha familia está longe de mim... E querem que eu acredite naquela história de que não fui apanhada no caixote do lixo? Bahh

Já tenho saudades... Se há alguma coisa mais importante no mundo do que a familia, eu ainda não a descobri.