segunda-feira, maio 29, 2006

Cruzei-me contigo.

Cruzei-me contigo.
Tu: Mas tu já es médica?
Eu: Sim... Praticamente médica.
Tu: Mas... médica mesmo, daquelas que tratam das pessoas?
Eu: Sim...
Tu (muito baixinho): Ai que medo!
Acabámos as duas a rir...

Já não há nada a fazer... Eu também tenho medo, amiga. Acredita.

Concerto do Joni Cash, Hard Club, Porto


O Joni conseguiu mais uma vez pôr o pessoal a vibrar (ok, com um ligeiro suborno "ya ya vou-te pagar uma birra assim que descer do palco mano" LoL)... Sou suspeita mas... ele é bom. Já o conheço há praí cinco anos, sempre com a mesma vontade e determinação, que vem de longe e não se abala. O meu "double team fantástico" Joni e Kwannon, continua a manter aquela mistura deliciosa de under com mainstream num hip hop cheio de sotaque...
Apesar de não estar na minha melhor forma (porque é que ninguém acredita que eu estou doente??? não dá pra ver que passo o dia ranhosa?? :P) este foi "O" concerto e sem dúvida uma das melhores noites dos últimos tempos. No Porto (LINDO, o rio com umas cores lindas, calor de rachar e pessoas muito, muito simpáticas) ... No Porto "hip hop"a-se, "dance hall"a-se e ragga-se a sério...
Swahilli.

terça-feira, maio 23, 2006

Qué qué isto???

Aiiiii que coisa tão rosa... Arggghhh que menina que eu tou...

Acho que o blog ficou meio (meio só??) pindérico mas... isto de trabalhar em html dá muito trabalho e o Harrison's Principles of Internal Medicine tá mesmo aqui ao lado a olhar para mim, aberto na mesma página há tréculos (três séculos :P)... Já sem falar na história clínica de psiquiatria que tenho de acabar...

Por isso... Vai ficar rosa mesmo, que tenho de estudar e ir pró ginásio...
P.S.: Hoje ouvi uma coisa bonita... "A auto-estima nasce no olho dos outros"... Deu-me que pensar e tava prestes a fazer aqui mais um daqueles testamentos, mas é como vos digo, tenho a fibrose quistica e a história clinica á minha espera... :P

domingo, maio 21, 2006

Benção das Fitas

"Era uma vez uma menina com uma boca grande que fazia desenhos com cores vivas, que fazia bonecas com grandes cabeleiras louras e laços na cabeça e fazia casas com muito fumo a sair pela chaminé... Uma menina que desde cedo se revelou com uma personalidade forte e muito determinada, que dizia: - "Quando for grande quero ser médica, daquelas que tiram os bébés das barrigas das mães..."...

E como "das fracas não reza a história..."

Esta frase foi dita e escrita por mim para ti, durante estes seis anos, sempre que tinhas uma barreira para ultrapassar, e realmente é verdade, não há relatos de histórias de mulheres fracas. A história só contempla as pessoas que se mostram diferentes durante a passagem por esta vida. Eu espero que continues sempre a fazer história, de solidariedade, de amizade, de mão na mão e de sucesso. Durante todos estes anos vibrei contigo com as tuas vitórias e baixei os olhos nas tuas fraquezas. Agora que o sonho se concretizou, mais uma vez te digo: "DAS FRACAS NÃO REZA A HISTÓRIA...".

Amo-te muito. Mãe."

A menina de boca grande que sonhava ser uma médica (loura?) sou eu. E este é o texto que a minha mãe me escreveu. Ela que me conhece melhor que ninguém. Que me apoiou, aturou e me ensinou a ser como sou, ainda que não seja perfeita. Que me ensinou a dar-me valor a mim própria mas sem nunca me esquecer do valor dos outros. Que me transmitiu valores como a humildade, a educação, o respeito... Que mudou n vezes as minhas fraldas, e conseguiu continuar a gostar de mim...

Que divide comigo uma vida, uma casa, produtos do cabelo, malas, sapatos e tops... Que divide comigo silêncio e palavras. Que me ensinou que a espiritualidade e a racionalidade podem perfeitamente coexistir numa pessoa. Que é linda com uma força enorme, gostosissima, que ninguém acredita que seja minha mãe e que ouve mais piropos dos homens das obras do que eu... Que atribui alcunhas a todos os meus amigos... É A MINHA MÃE. E tudo o que eu possa dizer vai estar sempre àquem daquilo que ela é para mim. Também a amo, sabem? :)

sexta-feira, maio 12, 2006

A Maria ensina-me a ser paciente, a ouvir, a pensar antes de responder. Obriga-me a resgatar todo o meu carinho depois de um dia em que já só apetece dar chapadas a toda a gente. A Maria ensina-me a cantar as músicas do Noddy e das galinhas doidas.
A Maria calça os meus sapatos de salto e anda a passear com eles pela casa. Eu ponho-me nos pés da Maria e tento caminhar pelo mundo com a coragem de uma criança. A Maria põe os meus óculos de sol e pede-me para lhe tirar uma fotografia com o telemóvel. Eu tento ver o mundo com os olhos de uma criança e guardo as imagens que me ajudam a sobreviver no mundo dos crescidos.
A minha Maria, na ingenuidade e curiosidade dos seus dois anos e meio, olhou para a minha tatuagem e perguntou: "Sarita, quem é que te pintou? Porquê?"... Tive de explicar tudo direitinho, porque com ela não há espaço para respostas tipo "Porque sim"....

Resultado: tive de lhe "tatuar" também, com uma caneta ("preta, Sarita, caneta preta!"), algo parecido com a minha tatuagem. E tive de lhe pintar os lábios e prometer que da próxima vez levava o verniz rosa para lhe pintar as unhas dos pés como pintei as minhas.

Eu sou um modelo para ela, ela é um modelo para mim.


quarta-feira, maio 10, 2006

Ms. Independent



Ms. - [noun] a form of address for a woman, the only form that does not depend on her marital status
- "The adoption of the alternative title Ms was intended to announce "my marital status is of no interest or importance to anyone save myself". The fact that there is a hint of "and don't mess with me, buster," adds a fillip of pleasure for women confident enough to use it." - The Guardian

Independent - [adjective] free from external control and constraint; not dependent on or conditioned by or relative to anything else

Foi isto que eu tatuei.
E para que não restem dúvidas... Não! "Ms." não quer dizer "Miss" como "Miss simpatia" ou "Miss t-shirt molhada" ou algo do género. "Ms." foi um termo adoptado pelas femininistas americanas e inglesas no final dos anos 70 e inico dos 80, quando começaram a querer ser vistas por algo mais do que "a mulher do fulano tal" e como uma forma de luta contra a discriminação e opressão baseadas no facto de serem casadas ou não.
Enquanto mulher, jovem e solteira, sinto que "Ms." denota independência, força de carácter e iniciativa. "Miss" tem uma conotação com vulnerabilidade e um certo "sexual appeal", qualidades que a maior parte dos homens tem dificuldade em respeitar e levar a sério, enquanto que "Mrs." denuncia dependência e a ideia de que independentemente da competência profissional e de tudo o que uma mulher possa obter, nunca deixará de ser a "mulher de fulano tal".

Independente porque sim. Não me refiro a independência financeira (disso estou bem longe), muito menos a independência emocional (e isso nem quero!). Sou, de uma forma marcada, muito dependente da minha familia, dos sorrisos de cada um dos que dela fazem parte, e de algumas pessoas, que não sendo familia, são muito especiais. Quando falo de independência talvez seja algo utópico, talvez seja um caminho, talvez seja um objectivo. Ser independente de maldade, rancor, inveja, de uma existência fútil e de uma felicidade exclusivamente material... Enfim, independência de tudo o que me torna uma pessoa menos boa.
Meanings á parte... doeu muito!!! Tanto que quando dei por mim estava com duas tatuagens, uma verdadeira nas costelas e outra no braço, que "tatuei" com os meus dentes para não gritar de dor... Entre morder no meu próprio braço e apertar com força um lenço, cheguei a dizer ao senhor que me tatuou que ia odiá-lo para o resto da vida. Um santo é o que ele é, um santo... Ou se não é, pelo menos tem paciência de um.

segunda-feira, maio 01, 2006

Há dias assim

Há dias assim. E espreitar o blog do Chao Min com aquele "desabafo" incrivel não me ajudou em nada. Eu já andava nostálgica mas agora piorou.
Há exactamente um ano atrás era tudo diferente e tudo tão igual que fico com dúvidas se serão mesmo saudades o que sinto. Há um ano atrás eu procurava a minha paz. Há um ano atrás havia uma esplanada na Costa da Caparica. Umas calças Puma vermelhas e um jardim. Haviam muitas lágrimas e todo um mundo pela frente de uma menina sozinha que estava habituada a estar acompanhada. Havia fragilidade mascarada de força. E uma mulher com medo de falhar, de não ser suficientemente ideal e de não conseguir estar só quando não havia sequer necessidade de estar só. Há um ano atrás havia também muita dor, muita angústia e raiva. Havia revolta e arrependimento. Mas algures há um ano atrás houve paz. Entre um zouk e outro. Às vezes, paz.
A minha paz ganhou-se e perdeu-se. Depender da paz de outrém, eventualmente roubá-la, não é solução. Um ano depois sinto que perdi muita coisa, que estou diferente na forma de pensar, na minha forma de estar. Perdi muitos, ganhei alguns. No entanto, hoje sinto que ganhei algo que há um ano não tinha: a certeza que também encontro essa paz sozinha.