Sala de tratamentos
A mãe estava doente. A bebé não. Por isso não podia ficar na pediatria. A mãe, com uma enorme dificuldade respiratória e a sua hemoglobina de 5.9 não podia deixar de ser atendida e não, não tinha ninguém com quem deixar a menina. Foi assim que acabámos com uma bebé de ano e meio dentro da sala de tratamentos de adultos. Foi assim que a sala de tratamentos de adultos cansados e doentes se transformou num enorme playground. A velhinha da maca, com máscara de oxigénio na cara, oximetro no indicador esquerdo e braçadeira para medir a pressão no braço direito que ao chegar não nos respondia arranjou maneira de brincar ao “cu-cuuuuuuuuuuuuu” com a pequenina que se ria ás gargalhadas cada vez que o asmático provocava ainda mais pieira do que aquela que já tinha. Ao contrário das doze horas non-stop de barulho e agitação, nesta sala do serviço de urgência descansou tudo, quando a menina adormeceu ao colo da mãe com uma ampolinha de soro na mão embalada pela música do Noddy cantada pela auxiliar da sala de Raio X e o ti-ti-ti do monitor cardíaco da doente taquicárdica como som de fundo.
É nestas alturas que percebo que apesar do cansaço, da falta de sono e da enorme responsabilidade que me sufoca a cada minuto, faço a única coisa que me poderia fazer feliz…
4 comentários:
As crianças dão luz às nossas vidas!
E nem sabes a sorte que tens!!
Adorei ler!
:)
É um previlégio amar o que se faz no trabalho. És uma priveligiada e priveligias quem é tratado por ti... Parabéns :)
Gostava de saber a sua opinião ao seguinte: Porquê que os médicos dâo os Nºs de telemóveis aos doentes, e depois não atendem !?
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