(Des)Limita-me
No meio dos medos, porque também os temos, encontramo-nos assim, nús e rendidos. Rendidos ao medo de errar, de novamente não ser capaz, ao medo de fugir, ao medo de ficar, ao medo de não conseguir sempre, mesmo que investindo e querendo. Da frustração de assumir limitações que só agora reconhecemos. Que somos limitados, sim. E no meio da insegurança e da dor que causa assumir as minhas próprias fraquezas discutimos em algum café as dores que, nas batas e carapaças que vestimos diariamente, nos assombram. Eis que tu me entendes e eu te entendo e nos entendemos, ainda que tão diferentes e os dois tão limitados. Protegidos do sol frio. Que ainda é sol embora seja frio e não o vejamos, que é sol porque o sentimos. Tal como a esperança, a força, a humildade e a fé. E se te digo que fatal é o meu segundo nome, reforço que instinto é o primeiro, porque no meio do fatalismo que é assumir que não sou melhor que isto, o instinto diz-me que não é mau de todo ser assim. E, sob o olhar atento da Maria e das suas mil perguntas, entendo que é o amor (nos seus vários rostos) que tantas pessoas têm por mim (que me sei limitada) que me mostra que a vida nunca será a aridez de "quero, e se não tenho, frustro", própria de quem é vazio e oco para estar tão cheio de si próprio que não se dispõe a assumir-se, humildecer-se e deslimitar-se.
1 comentário:
Alegra-me ver que brincas com as minhas palavras, acolhendo o sentido que lhes dei e dando-lhes novos sentidos que também eu quero acolher.
Aquece-me muito a alma este teu post tão tatuado no teu coração. Alegra-me ver que trilhamos verdadeiros percursos de independência ;)
As vezes doi-nos um pouquinho, mas sabemos bem que no fundo deslimita(mo)-nos... Porque connosco sempre foi assim... Em palavras e gestos (con)sentidos, amando e acolhendo a fragilidade que um no outro vamos encontrando.
"Eis que tu me entendes e eu te entendo e nos entendemos, ainda que tão diferentes e os dois tão limitados"
Beijinho
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