Muita força e dói.
Eram três. Só um falava português.
- Como é que se chama?
- Singh.
- Ah, ok... e o outro senhor?
- Singh.
- Hmmm... Tá. E o outro senhor?
- Singh.
- Então e o que é que se passa para vir aqui?
- Dor. - vai dizendo enquanto aponta para as costelas do lado esquerdo - Muita força e dói.
Analgésico e relaxante muscular passado, e o "não convém beber" da praxe... passo para o segundo Singh.
Virada para o primeiro Singh, pergunto acerca do segundo:
- E o outro senhor, do que se queixa?
- Dor. - vai dizendo enquanto aponta exactamente para o mesmo sitio no outro senhor - Muita força e dói.
Novo analgésico e relaxante muscular. E reforço o "não convém beber", porque o cheiro a àlcool já denunciava que, à falta de comida, o bagaço (só dois copos, tem de ser, para aquecer e esquecer, dra) ia continuar a ser a refeição principal.
- E o outro senhor Singh, também é dor, não é?
- Não. Tosse.
E eu a crucuficar-me por ter tirado uma conclusão antes de saber as queixas do doente. Juro que ele ainda não tinha tossido uma única vez e estava mesmo com cara de quem tinha dores nas costelas.
Depois de auscultar, enquanto eu dizia que ele teria de ir ao centro de saúde ou ás urgências para tirar uma radigrafia, porque aquela auscultação estava feiosa, o primeiro Singh, reformulou:
- E dor. Muita força e dói.
Não acredito que tenha sido só para me fazer feliz. Acho que confrontado com visão de uma ida ao centro de saúde ou ás urgências que nunca se realizaria porque não há papeis para isso, os Singhs tiveram de optar pelo alivio do paracetamol.
1 comentário:
:) Realmente, situação curiosa! ;)
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