Gargalhadas no silêncio
Em terras do Douro, tirei umas horinhas do meu tempo de estudo e fui ver os meus primos que também andam por cá. Precisava deles. Todos arranhados, morenos, barulhentos e enormes. Soube-me pela vida. Foi dificil convencê-los que não podem ir para a água a seguir ao almoço porque a barriga que está cheia de comida incha e depois ficam com dói-dói e têm de ir ao hospital. Ao que a Maria respondeu "não faz mal". Pois... Ela deixa-me sempre sem palavras.
O barulho dos meus Tarzans e da pequena Emma (que fala francês comigo... adoro, adoro!) constrasta na perfeição com o silêncio do lar da Naná. Escusado será dizer que eles entraram lá e deram vida ao lugar. Arrastaram-se nos corredores, empoleiraram-se na cama e lambuzaram a Naná de beijos ("vá, tudo a tirar a pastilha antes de dar beijinhos..."), viraram a cadeira ao contrário, meteram-se com todas velhotas que encontraram e quando dei por ela estava a Emma quase quase a tirar a "tampinha" inferior do saco de algália. "Pour vider le pipi".
O barulho e as gargalhadas das crianças são das coisas (felizmente) mais dificeis de controlar. Mas são as crianças que, ao não se apereceberem da doença, da morte e do sofrimento, conseguem transfundir felicidade.
Hoje o estudo tem outro sabor, o sabor das gargalhadas dos meus pequenos.
P.s.: By the way, ainda estou viva. Ainda estou no Porto com as outras aprendizes de feiticeira, a ser muito bem tratada, acarinhada e incentivada. Só tenho saudades. Da minha mãe e avó. E do mano.