Terramoto
Ainda era muito cedo. Cedo demais para o telemóvel tocar...
- “Shara, liga para a Sara porque houve um terramoto em Maputo”
- “Hmmm ok” – disse e pensei cá para mim “O Carnaval começou cedo”.
Tava quase a virar-me para o outro lado e voltar a dormir quando as palavras começaram a bater.
“Sara”.
“Terramoto”.
“Maputo”.
Caí da cama. Em stress. Pensei que tinha mesmo de ligar para a Sara. Agarrei no telemóvel que estava a ficar sem bateria. Levantei-me e fui, aos encontrões pela casa toda, tentar arranjar um carregador. Lá encontrei, liguei o telemóvel ao carregador e esperei o tempo mínimo para poder fazer a chamada.
Entretanto passavam-se mil coisas na minha cabeça.
“Será que a Sara está bem?”, “Um terramoto em Maputo?!?! Ninguém merece…”, “Será que vai ser preciso ajuda humanitária?”, “E a Mónica? A tia Nina?”…
Lá consegui falar com a Sara que me explicou que realmente o terramoto foi forte mas que estava tudo bem com ela. Respirei de alívio. Ela é uma daquelas amigas que queremos que esteja bem.
Entretanto lembrei-me que desde que voltei de Moçambique, há 5 meses, não me lembro de ter voltado a falar com ela. Embora me lembre muitas vezes dela com carinho, é sempre “amanhã ligo” ou “mais tarde mando um email”. Foi preciso pensar que havia uma desgraça.
Ainda nos rimos as duas com isso mas o assunto é sério.
Para além de mostrar uma ingratidão enorme.
A Sara recebeu-me super bem em Maputo, cedeu-me o quarto dela e aturou-me com um sorriso nos lábios durante dez dias (o que não é fácil). Enfim, não existem muitas pessoas assim. E embora já não nos víssemos há algum tempo (a minha cena com ela já é antiga, desde os tempos do Àgora, em que nos matávamos lá a estudar), ela continuava igualzinha. A Sara sempre foi das pessoas mais tranquilas e boa onda que conheci, com uma visão diferente do mundo e sempre admirei isso nela.
Se tivesse acontecido alguma coisa tenho a certeza que iria arrepender-me de não ter sido melhor amiga nestes últimos tempos. De não lhe mostrar que me lembro e gosto dela. Faz-me acreditar que só damos valor ás coisas quando temos uma visão de que elas nos podem ser retiradas.
Não é que o terramoto tenha acontecido só para me fazer lembrar que os amigos são para ser cherished mas há que aprender com as situações.
- “Hmmm ok” – disse e pensei cá para mim “O Carnaval começou cedo”.
Tava quase a virar-me para o outro lado e voltar a dormir quando as palavras começaram a bater.
“Sara”.
“Terramoto”.
“Maputo”.
Caí da cama. Em stress. Pensei que tinha mesmo de ligar para a Sara. Agarrei no telemóvel que estava a ficar sem bateria. Levantei-me e fui, aos encontrões pela casa toda, tentar arranjar um carregador. Lá encontrei, liguei o telemóvel ao carregador e esperei o tempo mínimo para poder fazer a chamada.
Entretanto passavam-se mil coisas na minha cabeça.
“Será que a Sara está bem?”, “Um terramoto em Maputo?!?! Ninguém merece…”, “Será que vai ser preciso ajuda humanitária?”, “E a Mónica? A tia Nina?”…
Lá consegui falar com a Sara que me explicou que realmente o terramoto foi forte mas que estava tudo bem com ela. Respirei de alívio. Ela é uma daquelas amigas que queremos que esteja bem.
Entretanto lembrei-me que desde que voltei de Moçambique, há 5 meses, não me lembro de ter voltado a falar com ela. Embora me lembre muitas vezes dela com carinho, é sempre “amanhã ligo” ou “mais tarde mando um email”. Foi preciso pensar que havia uma desgraça.
Ainda nos rimos as duas com isso mas o assunto é sério.
Para além de mostrar uma ingratidão enorme.
A Sara recebeu-me super bem em Maputo, cedeu-me o quarto dela e aturou-me com um sorriso nos lábios durante dez dias (o que não é fácil). Enfim, não existem muitas pessoas assim. E embora já não nos víssemos há algum tempo (a minha cena com ela já é antiga, desde os tempos do Àgora, em que nos matávamos lá a estudar), ela continuava igualzinha. A Sara sempre foi das pessoas mais tranquilas e boa onda que conheci, com uma visão diferente do mundo e sempre admirei isso nela.
Se tivesse acontecido alguma coisa tenho a certeza que iria arrepender-me de não ter sido melhor amiga nestes últimos tempos. De não lhe mostrar que me lembro e gosto dela. Faz-me acreditar que só damos valor ás coisas quando temos uma visão de que elas nos podem ser retiradas.
Não é que o terramoto tenha acontecido só para me fazer lembrar que os amigos são para ser cherished mas há que aprender com as situações.
E eu aprendi que há prioridades e os amigos são uma delas.